Olimpíadas 2020/1: o que poderíamos ser se houvesse políticas públicas (sérias) de esporte

Atualizado em 3 de agosto de 2021 às 12:05
Rebeca Andrade. Foto: Reprodução

Publicado originalmente no Vermelho:

Pedro Luiz Teixeira de Camargo 

Essa é uma das épocas que mais gosto, acordar e deitar assistindo modalidades esportivas, quanto menos popular, mais interessante é, afinal, não é usual ver uma partida de badminton ou hóquei sobre a grama na grade da televisão brasileira.

Essa época, que são as Olimpíadas, que ocorre de 4 em 4 anos, é uma verdadeira festa de entretenimentos esportivos, trazendo sempre ao seu final o gosto de “quero mais”.

Mas por que o “quero mais” não pode ocorrer? Simples: pois existe uma falta de investimentos absurda nos atletas brasileiros, em especial nos amadores que não estão em competições de ponta.

O esporte precisa ser pensado além dos resultados, mas sim no seu papel fundamental na formação cidadã e na inclusão dos mais humildes. Podemos pegar o simples exemplo da ginasta Rebeca Andrade, que acaba de conquistar duas medalhas olímpicas. Se não fosse o projeto social que a revelou, muito possivelmente a atual atleta do Flamengo seria mais um talento desperdiçado que nunca ouviríamos falar.

Mas a inclusão esportiva não pode ser vista só com foco nos atletas de alto nível, o grande número de jovens que são incluídos graças ao que aprendem nestes projetos é muito mais importante que qualquer título mundial.

Junto com isso, é preciso pensar nos poucos avanços que tivemos num período recente, quando tínhamos o Ministério do Esporte, o bolsa atleta, o bolsa pódio e o programa segundo tempo fazendo parte das políticas públicas do país, infelizmente cada vez mais sucateadas desde a gestão de Temer. Os governos Lula e Dilma nos mostraram o caminho, por que insistimos em não copiar as coisas boas?

Um bom exemplo disso são Cuba e Coreia do Sul, dois países completamente diferentes, com regimes políticos opostos e insulares. O que têm em comum? Investimento pesado do Estado na prática esportiva, fazendo de ambas potências olímpicas e se tornando referência mundial na importância de tais ações estatais para a melhora das condições de vida de seu próprio povo.

Até quando vamos sonhar com o que podemos ser? Não devemos nada a ninguém, somos uma pátria continental, muito maior que uma série de nações e capaz de revelar milhões de talentos, infelizmente desperdiçados pela falta de oportunidades.

É preciso refletir: esporte não é gasto, é investimento, precisamos de Ministério, de orçamento e de programas governamentais de práticas esportivas, só assim teremos condições não só de revelar talentos, mas de incluir para a cidadania milhões de jovens.

Até a próxima.