OMS anuncia “emergência global” pela primeira vez após Covid-19

Atualizado em 14 de agosto de 2024 às 15:40
Frascos de amostras da varíola dos macacos. Foto: Divulgação

A Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou uma emergência sanitária global em resposta à proliferação dos casos de mpox, anteriormente conhecida como “varíola dos macacos”. Esta é a primeira emergência de saúde global anunciada pela OMS desde o fim da pandemia de COVID-19. Atualmente, o vírus está presente em 13 países.

O Centro Africano de Controle e Prevenção de Doenças (CDC África) já havia declarado uma “emergência de saúde pública” devido ao aumento de casos de mpox no continente africano. Em 2022, o vírus havia sido identificado em mais de 70 países, mas menos de 1% dos casos resultaram em mortes.

No entanto, o número crescente de novos casos levou o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, a convocar uma reunião de emergência na sede da entidade, em Genebra. Segundo ele, os casos aumentaram “de forma preocupante” no último ano.

Em 2024, foram registrados mais de 14 mil casos e mais de 500 mortes, superando todo o volume de 2023. O aumento de casos em 2024 foi de 160% em comparação ao ano anterior.

Após avaliar a situação, os técnicos da OMS recomendaram ao diretor da agência que declarasse uma “emergência sanitária de preocupação internacional”. Tedros acatou a recomendação, com o objetivo de coordenar uma resposta internacional e preparar os governos para identificar e lidar com o surto.

A OMS espera que a declaração de emergência mobilize recursos internacionais para aumentar a produção de vacinas e melhorar a compreensão sobre a transmissão do vírus. O objetivo é conter a propagação do surto, que ainda não é classificado como uma pandemia.

Diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus. Foto: Divulgação

“Está claro que uma resposta coordenada internacional é essencial para interromper esse surto e salvar vidas”, afirmou Tedros.

Um dos desafios enfrentados é a baixa produção de vacinas contra o mpox. Atualmente, há apenas 500 mil doses disponíveis, com a previsão de produção de mais 2,5 milhões até o final do ano e 10 milhões para 2025. No entanto, esses números são considerados insuficientes.

A OMS identificou quase mil casos de mpox apenas no mês de junho, com a maioria dos casos ocorrendo na África (567 casos), América (175 casos), Europa (100 casos) e Pacífico Ocidental (81 casos). A República Democrática do Congo é o epicentro do surto, representando 96% dos casos confirmados em junho. No entanto, a OMS alerta que os números reais podem ser muito maiores devido à falta de testes e diagnósticos.

Além da África, quatro novos países da África Oriental – Burundi, Quênia, Ruanda e Uganda – relataram seus primeiros casos de mpox. A Costa do Marfim está enfrentando um surto de uma variante diferente da doença, enquanto a África do Sul confirmou dois novos casos.

Fora da África, foram identificados 33 mil casos nos EUA, 11 mil no Brasil, 8 mil na Espanha e 4,2 mil na França entre 2022 e 2024. Os homens são os mais afetados, representando 96% dos casos.

A transmissão mais comum da doença tem sido através do contato sexual, e metade dos casos confirmados ocorreu em pessoas portadoras do vírus HIV. A OMS alerta contra a estigmatização dos afetados e observa que os principais sintomas do mpox incluem erupção cutânea, febre e erupção genital.

O mpox foi descoberto pela primeira vez em humanos em 1970, no antigo Zaire, e a variante atual é uma mutação mais letal do vírus original. Em 2022, uma epidemia mundial do subtipo clade 2 se espalhou para mais de uma centena de países onde a doença não era endêmica, afetando principalmente homens homossexuais e bissexuais.

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