
A Organização Mundial da Saúde (OMS) afirmou nesta quarta-feira (24) que não existem evidências científicas conclusivas que relacionem o uso de paracetamol durante a gravidez ao autismo. O posicionamento veio após declarações do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que associou o medicamento à condição.
A OMS ressaltou que todo remédio deve ser usado com cautela em gestantes e orientou que mulheres grávidas sigam as recomendações médicas. Segundo a entidade, as causas do autismo ainda não foram determinadas e envolvem múltiplos fatores, sem comprovação direta ligada ao paracetamol.
Na segunda-feira (22), Trump disse que a FDA, agência reguladora de alimentos e medicamentos dos EUA, notificaria médicos sobre supostos riscos do uso do remédio na gravidez. Já a Comissão Europeia afirmou nesta terça-feira (23) que não há base científica que sustente essa relação.

Especialistas consultados reforçaram que não existe evidência de causa e efeito entre o consumo de paracetamol na gestação e o desenvolvimento de autismo. O analgésico é amplamente utilizado no mundo para dores e febre e é considerado a opção segura para gestantes, já que anti-inflamatórios como o ibuprofeno são contraindicados nesse período.
Nos Estados Unidos, o medicamento é vendido com o nome comercial Tylenol, produzido pela farmacêutica Kenvue, desmembrada da Johnson & Johnson em 2023. A empresa declarou que não há base científica para a associação feita por Trump.
O Colégio Americano de Obstetrícia e Ginecologia destacou que pesquisas anteriores não apontam evidências claras de relação entre o uso controlado de paracetamol em qualquer trimestre da gestação e problemas de desenvolvimento fetal. No Reino Unido, diretrizes do Serviço Nacional de Saúde classificam o paracetamol como a primeira escolha de analgésico para grávidas, sem riscos para o bebê.