
A onda de calor que atinge São Paulo e Rio de Janeiro na semana do Natal deve perder força antes do Ano Novo, mas não representa alívio duradouro. A previsão para janeiro e fevereiro indica um verão mais seco e com temperaturas acima da média no Sudeste.
De acordo com o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), o fenômeno responsável pelas altas temperaturas – conhecido como bloqueio atmosférico – tende a se repetir nos próximos meses. O sistema é caracterizado pela atuação de um anticiclone em médios e altos níveis da atmosfera, que dificulta a chegada de frentes frias.
“Agora existe um sistema de alta pressão, um anticiclone, atuando nos médios e altos níveis de altitude, e isso gera subsidência (movimento descendente do ar), dificultando a entrada de outras frentes”, afirma o meteorologista Melk Duarte ao Globo. Isso é mais comum de acontecer em janeiro, mas pode acontecer em dezembro, como a gente está vendo agora.
Na sexta-feira, dia 26 de dezembro, os termômetros em São Paulo chegaram a 36,2°C, maior temperatura registrada na capital em 2025. Segundo o especialista do Inmet, se novas ondas de calor ocorrerem nos dois primeiros meses de 2026, o impacto pode ser intensificado pela estiagem, já que a ausência de nuvens aumenta a incidência de radiação solar.
“Com relação a chuvas, para a região Sudeste o que os modelos de clima do Inmet indicam é que a gente vai ter precipitação acumulada de até 100 mm abaixo da média em janeiro e fevereiro”, explica Duarte ao veículo. “No geral, a gente tem entre três e quatro ondas de calor no Sudeste por ano, então, mesmo com a temperatura caindo um pouco depois do dia 29, isso não quer dizer que em janeiro a gente não vá ter uma nova onda de calor.”
O Inmet classifica uma onda de calor quando uma localidade registra temperaturas 5°C acima da média por mais de cinco dias consecutivos. Esse cenário está em curso em São Paulo e no Rio de Janeiro e deve persistir até o dia 29 de dezembro. No Ano Novo, a redução pontual da temperatura deve interromper tecnicamente o fenômeno, mas sem afastar o calor intenso.

Apesar do predomínio do tempo seco, o bloqueio atmosférico cria uma situação paradoxal: mantém o Sudeste sob alerta tanto para altas temperaturas quanto para tempestades. Caso uma frente fria consiga romper o bloqueio, a chuva pode cair de forma intensa em um curto intervalo de tempo.
Neste sábado (27), o alerta de alta temperatura segue na categoria vermelha (grande perigo) para São Paulo e Rio de Janeiro. Já o alerta de tempestade está em nível amarelo (perigo potencial), abrangendo principalmente a Grande São Paulo, o interior paulista e o Triângulo Mineiro.
Onde houver temporal, há risco de “chuva entre 20 e 30 mm/h ou até 50 mm/dia, ventos intensos (40-60 km/h) e queda de granizo”, segundo boletim do Inmet. Ainda de acordo com o órgão, nesse nível o risco é considerado baixo para interrupções no fornecimento de energia elétrica, danos em plantações, queda de galhos e alagamentos.