
O inverno deste ano teve a temperatura média mais elevada já registrada em 10 das 25 capitais brasileiras, conforme dados do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet). Essas cidades apresentaram temperaturas de 0,5°C a 3,4°C em comparação com a primeira década do século, segundo análise da Folha de S.Paulo.
O aumento de 3°C para uma temperatura média, não máxima, é muito preocupante para um período tão curto, de acordo com autoridades climáticas.
Apesar de nem todas as cidades terem atingido recordes de calor neste inverno, todas as capitais analisadas esquentaram na comparação com a média da década de 2001 a 2010.
Cuiabá (Mato Grosso) é a capital com o maior aumento na temperatura média do inverno, atingindo 28,8°C, 3,4°C acima da média da década de 2001 a 2010. Manaus, no Amazonas, lidera a lista com a média mais alta, registrando 30,1°C, um aumento de 1,9°C em relação à década de 2000.
Outras capitais que bateram recordes de temperatura média são Boa Vista (com alta de 1,9°C no mesmo comparativo), São Paulo (alta de 1,5°C), Rio de Janeiro (1,3°C), Rio Branco (1,1°C), Macapá (0,8°C), Belém (0,7°C), João Pessoa (0,7°C) e Maceió (0,3°C).

Considerando as temperaturas máximas, seis capitais também bateram recorde: Boa Vista (36,5°C), Cuiabá (36,3°C), Manaus (34,9°C), Rio Branco (34,2°C), João Pessoa (29,7°C) e São Paulo (25,8°C).
A análise foi realizada com dados coletados pelas estações meteorológicas do Inmet, considerando a média das temperaturas diárias ao longo do inverno. Segundo os especialistas, o aumento das temperaturas é um reflexo do aquecimento global.
Embora este inverno não tenha sido de recorde de calor na maioria das capitais, ele fica entre os três mais quentes da série histórica para 18 dessas cidades (72% das capitais analisadas).
“Não é uma particularidade do Brasil, um malefício só nosso”, disse a meteorologista Danielle Barros Ferreira, do Inmet. “A combinação entre El Niño [aquecimento do Pacífico] e o aquecimento global das últimas décadas nos leva a novos recordes de mudanças no padrão do clima. Eles serão cada vez mais frequentes em qualquer parte do planeta”, afirmou.