Onda de calor extremo mata pelo menos 8 na Europa

Atualizado em 2 de julho de 2025 às 14:54
Homem se refresca em fonte de Paris. Foto: reprodução

Uma onda de calor sem precedentes atinge a Europa e já causou pelo menos oito mortes em cinco países. Temperaturas extremas provocaram o fechamento de escolas, a suspensão de eventos públicos e até o bloqueio do acesso ao topo da Torre Eiffel, em Paris.

A França registrou o mês de junho mais quente desde o início dos registros meteorológicos, em 1900. Na capital francesa, os termômetros chegaram a 42°C. Apesar da leve queda nesta quarta-feira (2), o calor seguia intenso, com máximas de 36°C.

O calor extremo já fez mais de 300 vítimas de insolação na França. Duas pessoas morreram, incluindo uma menina de 10 anos. Na Turquia, Itália e Espanha, outras mortes foram associadas às altas temperaturas, como a de uma criança de dois anos deixada por horas em um carro sob o sol em Tarragona.

Em Portugal, a cidade de Mora bateu recorde nacional com 46,6°C em junho. O país segue em alerta, com previsão de 40°C em diversas regiões, especialmente no Alentejo.

A Alemanha, também afetada pela onda de calor que avança pelo leste europeu, viu os termômetros de Berlim chegarem perto dos 39°C, mais de 15°C acima da média. Algumas regiões decretaram o “hitzefrei”, medida que libera os alunos de comparecerem às aulas em dias de calor extremo.

Termômetro marca 38° na Europa. Foto: reprodução

Segundo a Organização Meteorológica Mundial (OMM), esse tipo de fenômeno deve se tornar mais frequente e severo por conta das mudanças climáticas causadas por ação humana.

“É algo com o qual temos que aprender a conviver”, afirmou Clare Nullis, porta-voz da OMM. Já a cientista Samantha Burgess, do observatório europeu Copernicus, comparou a atual onda de calor com os eventos de 2003 e 2022, que resultaram em dezenas de milhares de mortes prematuras. Ela alerta que os impactos desta nova onda só serão plenamente compreendidos nas próximas semanas.

Na Espanha, o calor intenso se soma a incêndios florestais devastadores. Em Lérida, na Catalunha, duas pessoas morreram em meio ao fogo, que obrigou o confinamento de 14 mil moradores. As chamas destruíram 6.500 hectares de plantações e casas rurais, além de gerar uma coluna de fumaça com 14 mil metros de altura. Segundo o presidente regional da Catalunha, Salvador Illa, “incêndios como esse não são mais como antes” e exigem respostas cada vez mais complexas.

Mais de 500 bombeiros foram mobilizados, mas o controle só foi possível com a ajuda de uma tempestade que se formou sobre a região.

“Nem o dobro ou o triplo do efetivo seria suficiente para conter esse tipo de incêndio sem a ajuda da chuva”, admitiu Illa. A previsão para os próximos dias na região segue preocupante, com estimativas de até 39°C, o que mantém as autoridades em alerta máximo.

A situação levou cidades como Barcelona a ativarem protocolos de emergência, com distribuição de água para pessoas em situação de rua e envio de alertas por SMS com orientações de proteção. Moradores relatam dificuldades, principalmente durante a noite, como no caso de Loli López, de 81 anos, que vive em Sevilha: “Estamos passando muito mal, principalmente à noite”, disse.