ONG da irmã de chefe do PCC divulga VÍDEO associando Nikolas Ferreira ao crime organizado

Atualizado em 9 de setembro de 2025 às 7:02
Perfil da Associação da Comunidade do Moinho no Instagram republicou vídeo que associa Nikolas Ferreira ao PCC. Foto: Reprodução

A Associação da Comunidade do Moinho, presidida por Alessandra Moja Cunha — presa nesta segunda-feira (8) em uma operação policial — republicou em sua página no Instagram um vídeo que associa o deputado bolsonarista Nikolas Ferreira (PL-MG) à facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC).

Alessandra Moja Cunha foi detida na operação Sharpe. Segundo o Ministério Público de São Paulo (MPSP), ela atuava em conjunto com o irmão, Leonardo Moja, conhecido como “Léo do Moinho”, apontado como o principal líder do PCC no Centro da capital paulista.

Na semana passada, a associação presidida por Alessandra repostou um vídeo sobre a operação Carbono Oculto, investigação que apura a influência do PCC no setor de combustíveis e a lavagem de dinheiro por meio de fundos de investimento.

A capa do vídeo traz uma foto de Nikolas Ferreira ao lado da placa da Avenida Faria Lima, centro financeiro de São Paulo. O título dizia: “O crime organizado na Faria Lima”. E completava: “Qual a relação da EXTREMA-DIREITA e do NIKOLAS FERREIRA com o caso?”.

O material foi publicado originalmente pela vereadora do PSOL em São Paulo, Keit Lima, que se apresenta no Instagram como “cristã, preta, nordestina, favelada e com 5 diplomas”.

“O crime organizado está na Faria Lima, no centro financeiro do país. A maior operação contra o crime organizado do Brasil escancarou uma verdade que a elite tenta esconder. Escancarou uma verdade que a periferia já sabia. O crime organizado que banca a vida de muita gente rica, inclusive muitos políticos, não está nas nossas periferias”, afirmou Keit no vídeo.

A publicação ainda fez menção a um vídeo viral de Nikolas sobre a proposta da Receita Federal de fiscalizar o Pix. O bolsonarista havia criticado a medida, que acabou recuada após repercussão. Segundo a Receita, a falta de regras favorecia a lavagem de dinheiro de facções criminosas. As novas normas foram implementadas após a deflagração da operação Carbono Oculto.

Lavagem de dinheiro e controle da comunidade

Segundo o MPSP, tanto os recursos obtidos pela cobrança de propina no acordo habitacional quanto o dinheiro de outras atividades ilegais do PCC eram centralizados por Alessandra. Na casa dela, a polícia encontrou seis celulares, 259 porções de cocaína, 630 de crack e 314 de maconha.

“Tanto os valores arrecadados neste contexto como os recursos derivados das demais atividades ilegais controladas por ‘Léo do Moinho’ são arrecadados por Alessandra com o intuito de branqueamento (lavagem)”, diz o documento.

De acordo com a acusação, Alessandra tinha papel estratégico. O MPSP afirma que ela “exerce importante papel na mobilização e organização das manifestações públicas que blindam a comunidade das intervenções policiais, além de auxiliar o irmão em suas empreitadas criminosas”.

Ainda segundo o órgão, a presidente da ONG era responsável por extorquir moradores que aceitavam o acordo do governo estadual para deixar a comunidade.

“Alessandra é responsável pelo grupo que cobra propina das famílias beneficiadas pelo acordo com o CDHU, somente autorizando o cadastro e a assinatura mediante o pagamento de valores à família Moja”, diz um trecho da representação.

Alessandra Moja foi presa em operação na Favela do Moinho — Foto: Reprodução/TV Globo
Alessandra Moja foi presa em operação na Favela do Moinho. Foto: Reprodução