ONU aprova plano de Trump e autoriza o uso de força internacional em Gaza

Atualizado em 17 de novembro de 2025 às 20:24
Membros do Conselho de Segurança da ONU nesta segunda-feira (17)
Membros do Conselho de Segurança da ONU nesta segunda-feira (17) – Adam Gray/Getty Images via AFP

O governo de Donald Trump conseguiu aprovar no Conselho de Segurança da ONU, nesta segunda-feira (17), uma resolução que cria uma “Força Internacional de Paz” para atuar em Gaza e estabelece uma administração provisória conduzida por um comitê formado por representantes estrangeiros. O texto recebeu 13 votos favoráveis, com apoio de todos os países árabes e da Autoridade Palestina. China e Rússia se abstiveram.

A resolução respalda o plano elaborado pela Casa Branca e prevê uma retirada gradual de Israel, mas recebeu críticas de setores que veem possibilidade de transformar Gaza em um protetorado. O voto ocorre em meio à fragilidade do atual cessar-fogo.

Israel mantém objeções a trechos do texto, especialmente aos pontos que mencionam um possível caminho para o reconhecimento de um Estado palestino. O Hamas rejeitou o desarmamento e a ideia de administração estrangeira, afirmando que o mecanismo funcionaria como tutela internacional.

Nas redes sociais, Trump celebrou a aprovação e afirmou que presidirá o órgão responsável pela administração temporária de Gaza. Ele agradeceu o apoio de países membros e não membros do Conselho, citando Catar, Egito, Arábia Saudita, Indonésia, Turquia e Jordânia. Horas antes da votação, o embaixador dos EUA, Mike Waltz, disse que o plano recebeu apoio de governos árabes e da Autoridade Palestina.

Segundo Waltz, a força internacional contará com tropas de países muçulmanos, como Indonésia e Azerbaijão. Ele declarou que o plano pode abrir caminho para a soberania palestina, desde que a Autoridade Palestina implemente reformas.

Já os países árabes, representados pela Argélia, afirmaram que a iniciativa só será viável com retirada total de Israel, garantia de ajuda humanitária e retorno da administração palestina após um período de transição.

A votação ocorreu após intensa negociação. A Rússia havia apresentado um plano alternativo que retirava poderes do “Conselho de Paz” proposto por Washington, mas recuou diante do apoio árabe à proposta americana.

Casa Branca
Casa Branca – Divulgação

O texto final incluiu, após pressão, uma referência a condições que possam levar à formação de um Estado palestino, o que gerou reação do governo israelense. Benjamin Netanyahu reiterou oposição total a um Estado palestino “a oeste do Rio Jordão”.

O mandato aprovado permite que a força internacional atue com controle total de segurança em Gaza por um período inicial de dois anos, prorrogável após 2027. As tropas poderão executar ações de desmilitarização do Hamas, incluindo destruição de infraestrutura militar e prevenção de sua reconstrução.

A administração provisória terá como missão proteger civis, organizar corredores humanitários, treinar uma nova força policial palestina e coordenar a reconstrução da Faixa de Gaza.

Organizações de direitos humanos apontaram que a resolução não menciona garantias explícitas sobre o tema. Em nota, representantes lembraram que decisões recentes do Tribunal Internacional de Justiça afirmam que Israel deve cooperar com agências humanitárias e permitir fluxo irrestrito de ajuda.

Também pediram que governos cumpram mandados emitidos pelo Tribunal Penal Internacional contra Netanyahu e o ex-ministro israelense Yoav Gallant.

Jessica Alexandrino
Jessica Alexandrino é jornalista e trabalha no DCM desde 2022. Sempre gostou muito de escrever e decidiu que profissão queria seguir antes mesmo de ingressar no Ensino Médio. Tem passagens por outros portais de notícias e emissoras de TV, mas nas horas vagas gosta de viajar, assistir novelas e jogar tênis.