ONU diz estar ‘horrorizada’ com chacina que deixou 64 mortos no Rio

Atualizado em 29 de outubro de 2025 às 10:27
Policiais civis avançam por viela nos complexos do Alemão e da Penha, na Zona Norte do Rio de Janeiro. Foto: Jose Lucena

A Organização das Nações Unidas (ONU) afirmou estar “horrorizada” com o resultado da operação policial que deixou 64 mortos nos complexos do Alemão e da Penha, no Rio de Janeiro, nesta terça-feira (28). A ação é considerada a mais letal da história do estado.

Por meio de publicação no X, o Escritório de Direitos Humanos da ONU destacou que as autoridades brasileiras devem cumprir suas obrigações conforme o direito internacional e pediu apuração rigorosa sobre as mortes.

“Estamos horrorizados com a operação policial em andamento nas favelas do Rio de Janeiro, que já teria resultado na morte de mais de 60 pessoas, incluindo 4 policiais. Esta operação mortal reforça a tendência de consequências letais extremas das operações policiais em comunidades marginalizadas do Brasil. Lembramos às autoridades suas obrigações perante o direito internacional dos direitos humanos e instamos investigações rápidas e eficazes”, publicou a organização.

O diretor da Human Rights Watch no Brasil, César Muñoz, também condenou a operação e pediu atuação do Ministério Público para esclarecer as circunstâncias das mortes.

“Uma operação policial que resulta na morte de mais de 60 moradores e policiais é uma enorme tragédia”, afirmou. Muñoz defendeu que cada caso seja investigado individualmente para garantir transparência e responsabilização.

Pressa na votação da PEC da Segurança

O episódio reacendeu o debate sobre a política de segurança pública no país. Após a operação, o governo federal passou a pressionar o Congresso a acelerar a votação da PEC da Segurança Pública, que prevê endurecimento no combate ao crime organizado.

O presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), declarou que o texto será levado ao plenário assim que for aprovado pela comissão especial.

“Vamos votar imediatamente ao sair da comissão especial”, afirmou Motta.

A proposta inclui medidas como restrição da progressão de regime para líderes de facções, prisão em segunda instância antes do trânsito em julgado e anonimato para juízes que processam integrantes do crime organizado.

Motta acrescentou que o Palácio do Planalto também precisa fazer sua parte e enviar ao Congresso o projeto de lei antifacção, anunciado na semana passada pelo ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski.