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ONU diz que soldados israelenses “pisam e cospem” em palestinos na Cisjordânia

Palestinos carregam corpo de Mahmud al-Atrash, morto por soldados israelenses em conflito na Cisjordânia. Foto: Hazem Bader/AFP

A Organização das Nações Unidas (ONU) divulgou nesta quinta-feira (28) um relatório expondo a violência perpetrada pelo governo de Israel contra os palestinos na Cisjordânia, incluindo na Jerusalém Oriental, após 7 de outubro de 2023. Apesar de nunca ter ficado sob controle do Hamas, a região passou a ser alvo de ataques do governo sionista. A ONU pede o fim imediato de “mortes ilegais e violência de colonos contra a população palestina”, segundo uma matéria de Jamil Chade, do Uol.

“O relatório pede o cessar imediato do uso de armas e meios militares durante operações de aplicação da lei, o fim de detenções arbitrárias e maus-tratos aos palestinos, e o fim de restrições discriminatórias de movimento”, declarou a entidade.

Segundo o Escritório de Direitos Humanos da ONU, cerca de 300 palestinos morreram entre 7 de outubro e 27 de dezembro de na Cisjordânia ocupada desde os ataques do Hamas e de outros grupos armados palestinos no sul de Israel. Desses, as Forças de Segurança de Israel mataram pelo menos 291 palestinos, colonos mataram oito, e um palestino foi morto pelas Forças de Segurança de Israel ou por colonos.

Antes do início dos conflitos, 200 palestinos já haviam sido mortos na área em 2023 — o maior número em um período de dez meses desde que a ONU começou a manter registros em 2005. Desde então, quando o Hamas realizou um ataque que deixou mais de 1.200 mortos em Israel, as autoridades sionistas impuseram restrições severas e sistemáticas ao movimento dos palestinos na Cisjordânia, incluindo Jerusalém Oriental.

Segundo a ONU, elas fecharam “quase todas as entradas de vilarejos e cidades palestinas para o acesso de veículos e desconectaram cidades e vilas palestinas das estradas principais, fechando portões de estradas e colocando montes de terra ou bloqueios de concreto nas estradas”.

O relatório também descreveu um aumento acentuado nos ataques aéreos, bem como nas incursões de veículos blindados e escavadeiras enviadas a campos de refugiados e outras áreas densamente povoadas na Cisjordânia, resultando em mortes, ferimentos e danos extensos a objetos e infraestrutura civis. Essas incursões, que continuam a ocorrer, resultaram na morte de pelo menos 105 palestinos, entre eles 23 crianças.

Por falta de maca, criança é atendida no chão de hospital em Gaza. Foto: Motaz Azaiza/UNRWA

Segundo a ONU, nos dias 19 e 20 de outubro, durante uma incursão de 30 horas no campo de refugiados de Nur Shams, em Tulkarem, as forças israelenses, usando armamento militar e meios de combate, mataram 14 palestinos, incluindo seis crianças, feriram pelo menos 20 outros e prenderam 10 palestinos.

“As Forças de Segurança de Israel prenderam mais de 4.700 palestinos, incluindo cerca de 40 jornalistas, na Cisjordânia, inclusive em Jerusalém Oriental”, diz o informe.

Alguns foram despidos, vendados e mantidos presos por longas horas com algemas e com as pernas amarradas, enquanto os soldados israelenses pisavam em suas cabeças e costas, eram cuspidos, jogados contra paredes, ameaçados, insultados, humilhados e, em alguns casos, submetidos à violência sexual e de gênero, alertou a ONU.

“As prisões são frequentemente conduzidas de forma brutal, acompanhadas de espancamento dos detidos e outros tratamentos desumanos e degradantes. Outros tratamentos desumanos e degradantes em alguns casos, possivelmente equivalentes à tortura”, advertiu a ONU.

Segundo o informe, os soldados “submeteram os detidos, por exemplo, a atos de violência, inclusive chutes, tapas, socos e golpes com rifles, socos e golpes com rifles”.

“Em vários casos, as ações israelenses também levantaram preocupações quanto à violência sexual e de gênero, inclusive um detento que foi espancado nos órgãos genitais, nudez forçada de vários detentos, conforme mostrado em vídeos, insultos sexuais contra uma mulher e, inclusive duas grávidas, ameaçadas de estupro, enquanto estavam na prisão”, diz.

Em 31 de outubro, a mídia israelense informou que “dezenas de fotos e videoclipes foram publicados por soldados israelenses retratando a si mesmos abusando, degradando e humilhando palestinos presos na Cisjordânia, incluindo fotos de detidos despidos ou seminus, vendados e algemados, e gritando de dor enquanto eram abusados fisicamente e humilhados”.

Eles teriam sido “obrigados a posar com a bandeira israelense, cantar músicas em hebraico”. Um deles “é visto ajoelhado, com os olhos vendados e com as mãos amarradas atrás das costas, sendo chutado várias vezes no estômago por um soldado, que cuspiu nele e o insultou”.

Outra constatação da ONU é que, desde o dia 7 de outubro, também houve um aumento acentuado nos ataques de colonos, com uma média de seis incidentes por dia, como tiroteios, incêndio de casas e veículos e arrancamento de árvores.

“Em muitos incidentes, os colonos estavam acompanhados pelas forças israelenses, ou eles próprios estavam vestindo uniformes oficiais e portando rifles do exército”, diz o relatório.

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Augusto de Sousa

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