Operação contra esquema de combustíveis do PCC cumpre mandados na Avenida Paulista

Atualizado em 25 de setembro de 2025 às 9:27
Ministério Público de São Paulo (MP-SP), a Polícia Militar e a Receita Federal realizam a Operação Spare na manhã desta quinta-feira (25). Foto: Reprodução/PMSP

Uma operação do Ministério Público de São Paulo (MP-SP) cumpriu nesta quinta-feira (25) mandados de busca e apreensão em endereços ligados ao Primeiro Comando da Capital (PCC), incluindo um imóvel localizado na Avenida Paulista, região central da capital.

A ação, batizada de Operação Spare, teve apoio da Polícia Militar e mirou a infiltração da facção no setor de combustíveis e em jogos de azar.

Ao todo, foram cumpridos 25 mandados de busca e apreensão em seis cidades: São Paulo (19), Santo André (2), Barueri, Bertioga, Campos do Jordão e Osasco. Um dos endereços é apontado como sede da empresa Athena Intermediações.

As investigações revelaram que a organização criminosa utilizava a fintech BK Bank para movimentar milhões de reais. O mesmo banco digital já havia sido alvo da Operação Carbono Oculto, deflagrada em agosto, que expôs a atuação do PCC dentro do sistema financeiro.

As apurações começaram após a apreensão de máquinas de cartão em casas de jogos clandestinos em Santos, que estavam vinculadas a postos de combustíveis. A análise financeira mostrou que os valores eram direcionados à fintech, ocultando a origem ilícita dos recursos.

Chefe do esquema

De acordo com o MP-SP e a Receita Federal, o chefe do esquema é o empresário Flávio Silvério Siqueira, conhecido como Flavinho. Ele é suspeito de lavar dinheiro do crime organizado há mais de duas décadas por meio de postos de combustíveis e empresas associadas.

O empresário Flávio Silvério Siqueira, conhecido como Flavinho, é o principal alvo da Operação Spare desta quinta-feira (25). — Foto: Reprodução/TV Globo
O empresário Flávio Silvério Siqueira, conhecido como Flavinho, é o principal alvo da Operação Spare desta quinta-feira (25). Foto: Reprodução/TV Globo

A Receita apontou que pelo menos 267 postos de combustíveis ainda ativos movimentaram mais de R$ 4,5 bilhões entre 2020 e 2024, mas recolheram apenas R$ 4,5 milhões em tributos federais — cerca de 0,1% do total, percentual muito abaixo da média do setor.

Também foram identificadas administradoras de postos com movimentações de R$ 540 milhões no mesmo período. Além dos postos, o grupo utilizava imobiliárias, motéis e lojas de franquia para lavar dinheiro e ocultar patrimônio.

Segundo o MP-SP, a Operação Spare deveria ter ocorrido junto com a Carbono Oculto. No entanto, a Justiça de 1º grau indeferiu as medidas cautelares solicitadas pelos promotores, e só após recurso ao Tribunal de Justiça de São Paulo foi possível autorizar as buscas.