Operação Escudo: corpo de encanador morto pela PM é entregue à família sem as unhas

Atualizado em 27 de agosto de 2023 às 14:13
Agentes do Baep de costas durante operação
Movimentação de agentes do Baep durante Operação Escudo – Foto: Danilo Verpa/Folhapress

Willians dos Santos Santana, um encanador de 36 anos, teve seu corpo entregue à sua família sem as unhas, com sinais de tortura, após ter sido morto por policiais militares na cidade de Guarujá, litoral de São Paulo, no dia 18. A morte de Santana se soma a uma série de casos controversos ocorridos durante a Operação Escudo, que já provocou 22 mortes em um mês, levantando críticas sobre supostos abusos cometidos pela Polícia Militar (PM).

O encanador foi morto com seis tiros de pistola dentro de sua moradia em Perequê, Guarujá. Relatos de familiares e vizinhos apontam para indícios de tortura tanto no barraco quanto no corpo de Santana. A cena do crime tinha um alicate ensanguentado e uma faca no chão, perto do corpo.

Moradores que estavam nas proximidades no momento da abordagem policial relataram ter ouvido gritos de socorro por mais de cinco minutos. Vários testemunhos mencionaram que Santana tinha ferimentos no rosto, perfurações e cortes nos braços, aumentando a suspeita de tortura.

Marca de tiro no barraco onde morreu o encanador Willians Santana, 36, e uma poça de sangue coagulado ao fundo; caso tem indícios de tortura, segundo relatos de vizinhos Foto: Bruno Santos/Folhapress

Essa morte não é um caso isolado. Outro incidente com relatos de tortura ocorreu em 28 de julho no mesmo bairro, durante a Operação Escudo. A ação, que tem sido alvo de críticas e suspeitas de abuso de força, também teve outras mortes questionáveis, sendo classificada por moradores como chacina.

A SSP (Secretaria da Segurança Pública) alega que os laudos oficiais elaborados pelo Instituto Médico Legal (IML) foram executados com rigor técnico e isenção, não indicando sinais de tortura. Tarcísio de Freitas, por meio do governo estadual, argumenta que todas as mortes resultaram de situações em que os suspeitos buscaram confronto com a polícia.

No entanto, a controvérsia em torno das mortes e das operações policiais tem levantado preocupações quanto aos métodos empregados pela PM. A operação Escudo é a mais letal da PM desde o massacre do Carandiru, ocorrido décadas atrás. Relatos de invasões de casas por policiais mascarados foram reportados pela comunidade, assim como a falta de imagens dos supostos confrontos, que deveriam ser filmadas por câmeras corporais.

Além disso, Santana tinha relatado ameaças de policiais militares há cerca de duas semanas, aumentando as suspeitas de que sua morte pode ter sido premeditada. Ele havia sido avisado que poderia ser uma das vítimas em uma suposta série de execuções planejadas por policiais na comunidade.

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