Operação mira chefe do PCC foragido, empresários e influencers em Campinas

Atualizado em 30 de outubro de 2025 às 10:39
Sérgio Luiz de Freitas Filho, o “Mijão”, e Álvaro Daniel Roberto, o “Caipira”. Foto: Reprodução

O Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) de Campinas (SP) e o 1º Batalhão de Ações Especiais de Polícia (Baep) deflagraram nesta quinta-feira (30) uma operação que tem como alvo um esquema de lavagem de dinheiro ligado ao Primeiro Comando da Capital (PCC). A ação mira traficantes foragidos, agiotas, empresários e influenciadores digitais com atuação em cidades do interior paulista.

Entre os investigados estão Sérgio Luiz de Freitas Filho, conhecido como “Mijão”, “Xixi” ou “2X”, e Álvaro Daniel Roberto, o “Caipira”. Ambos são apontados como chefes do PCC e estão foragidos há anos, sendo considerados dois dos criminosos mais procurados do país.

Ao todo, foram expedidos nove mandados de prisão preventiva e 11 de busca e apreensão, além do bloqueio de 12 imóveis de luxo e valores em contas bancárias. As ações se concentram em condomínios de alto padrão de Campinas, como Alphaville, Entreverdes, Jatibela e Swiss Park, além de Mogi Guaçu e Artur Nogueira.

Durante o cumprimento dos mandados, houve confronto entre policiais e um dos suspeitos. O homem morreu no local, e um policial militar foi baleado e levado ao Hospital de Clínicas da Unicamp, onde permanece sob cuidados médicos.

Lavagem de dinheiro e conexões com o tráfico internacional

Segundo o Gaeco, a operação é um desdobramento das ações “Linha Vermelha” e “Pronta Resposta”, deflagradas em agosto, que desarticularam um plano do PCC para assassinar o promotor de Justiça Amauri Silveira Filho, em Campinas.

A análise do material apreendido revelou novos esquemas de lavagem de dinheiro que envolviam empresários e traficantes ligados ao grupo. O Ministério Público afirma que os criminosos usavam empresas e atividades aparentemente legais para mascarar o dinheiro proveniente do tráfico de drogas.

Com o avanço das investigações, surgiram conflitos internos entre os integrantes da quadrilha, o que levou à realização de transações imobiliárias e movimentações financeiras para dispersar o patrimônio. Essas operações, segundo o MP, acabaram sendo rastreadas e expuseram a rede de lavagem.

Influenciadores e agiotas na mira do Gaeco

Entre os alvos da operação está Eduardo Magrini, conhecido como “Diabo Loiro”, apontado como integrante importante do PCC. Ele já possui antecedentes por homicídio, formação de quadrilha, receptação e uso de documentos falsos.

Nas redes sociais, Magrini se apresenta como produtor rural e influenciador digital, publicando fotos de carros de luxo e viagens internacionais. Ele é pai de um dos presos durante a operação.

Eduardo Magrini, conhecido como 'Diabo Loiro', apontado como membro importante do PCC — Foto: Reprodução/Instagram
Eduardo Magrini, conhecido como ‘Diabo Loiro’, apontado como membro importante do PCC. Foto: Reprodução/Instagram

Outro nome citado nas investigações é Álvaro Daniel Roberto, o “Caipira”, acusado de tráfico internacional de drogas, crimes contra o patrimônio e associação criminosa. Embora não seja alvo de prisão nesta etapa, ele aparece em conversas e registros financeiros obtidos pelo Ministério Público.

O MP aponta que Caipira tem fortes conexões com Juan Carlos Abadia e o Cartel do Vale do Norte, na Colômbia. Ele seria responsável por trazer cocaína do Paraguai e da Bolívia para o Brasil e distribuí-la pelo estado de São Paulo por meio da chamada “Rota Caipira”, que abastece também o mercado europeu.

Caipira foi preso em 2013, em Fortaleza (CE), transferido para Juiz de Fora (MG) e colocado em prisão domiciliar, mas fugiu pouco tempo depois. Ele e Sérgio “Mijão” estão foragidos e possivelmente escondidos na Bolívia, segundo as investigações.

O Gaeco confirmou que o filho de Mijão e Diabo Loiro foram presos durante a operação.