Oposição pede impeachment do presidente da Coreia do Sul após decreto de lei marcial

Atualizado em 4 de dezembro de 2024 às 8:07
O presidente Yoon Suk Yeol: Partidos de oposição apresentam pedido de impeachment contra o sul-coreano após decreto de lei marcial. Foto: reprodução

Seis partidos de oposição na Coreia do Sul formalizaram nesta quarta-feira (4) um pedido de impeachment contra o presidente golpista Yoon Suk Yeol, após a polêmica causada pelo decreto de lei marcial, que restringia liberdades civis. O presidente recuou e anulou a medida ainda na noite de terça-feira (3), mas a crise política já havia se instalado.

Para que o impeachment avance, é necessário o apoio de dois terços dos parlamentares, onde a oposição tem maioria, além da aprovação de seis dos juízes do Tribunal Constitucional.

O pedido foi assinado por 191 legisladores da oposição e pode ser votado nesta sexta-feira (6), de acordo com o deputado Kim Yong-min, do Partido Democrático, principal sigla opositora, conforme noticiado pela agência Yonhap.

Um grupo de sete pessoas está em um ambiente interno, possivelmente um escritório. Elas estão reunidas em torno de uma mesa, segurando um documento que é apresentado à frente. As pessoas variam em gênero e estão vestidas de maneira formal. O documento parece ter texto impresso, mas não é legível na imagem.
Parlamentares sul-coreanos apresentam moção de impeachment do presidente sul-coreano Yoon Suk Yeol na Assembleia Nacional, em Seul. Foto: Yonhap News Agêncy via REUTERS

O decreto gerou um intenso desgaste no governo de Yoon. Como resposta à crise, assessores próximos e secretários apresentaram suas renúncias coletivas, enquanto o ministro da Defesa, Kim Yong Hyun, enfrenta crescente pressão para deixar o cargo. As demissões foram entregues após a Assembleia Nacional votar contra o decreto e a medida ser oficialmente revogada.

O decreto

Mais cedo, Yoon Suk Yeol havia decretado a lei marcial, que permite substituir as leis civis por normas militares e impõe restrições severas à imprensa, ao legislativo e às forças policiais. O presidente defendeu sua decisão alegando que o país precisava ser protegido de aliados da Coreia do Norte.

“Declaro lei marcial para proteger a livre República da Coreia da ameaça das forças comunistas norte-coreanas, para erradicar as desprezíveis forças antiestado pró-norte-coreanas que estão saqueando a liberdade e a felicidade do nosso povo, e para proteger a ordem constitucional livre”, justificou.

O caos

A medida provocou um clima de caos, com protestos se espalhando por Seul. Um vídeo mostra o momento em que Ann Gwi-ryeong, porta-voz do Partido Democrático, confrontou um soldado armado em frente ao parlamento.

Durante a tensa interação, transmitida pela emissora JTBC News, o soldado repetia: “Saia do caminho!”, enquanto Ann respondia firmemente: “Você não tem vergonha de si mesmo?”.

A decisão surpreendeu a população e também gerou oposição dentro do governo. Após o decreto, o acesso à Assembleia Nacional foi bloqueado por forças especiais da polícia para tentar conter os manifestantes. Ainda assim, deputados opositores conseguiram realizar uma sessão de emergência