Orçamento secreto da Defesa é detonado por senadores e militares

Atualizado em 3 de abril de 2022 às 13:07
Jair Bolsonaro e o ex-ministro da Defesa, Walter Braga Netto.Foto: Pablo Jacob. Agência O Globo. 01-10-2021

Após ser usado pela pasta militar sem transparência e critério, o orçamento secreto do Ministério da Defesa foi criticado por senadores e generais da reserva. Dos R$ 588 milhões, R$ 401 milhões foram repassados pela pasta militar para contemplar aliados do governo no Senado e até bancar a construção de uma capela funerária.

Ao todo, 11 senadores, sendo a maioria alinhada ao governo, foram contemplados com emendas de relator repassadas pela Defesa para realizar centenas de obras em seus redutos eleitorais. Nenhum dos contemplados é da oposição.

O ministério, porém, não explicou por que apenas os 11 senadores tiveram a prerrogativa de enviar recursos via emendas de relator. Parlamentares de estados abrangidos pelo programa Calha Norte que não foram contemplados com o orçamento criticam a “falta de critérios” da gestão do ex-ministro Braga Netto.

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Uso do orçamento secreto questionado

Na gestão de Braga Netto, que esteve à frente do Ministério da Defesa até abril deste ano, pasta disponibilizou recursos via orçamento secreto Foto: Cristiano Mariz / Agência O Globo

Telmário Mota, líder do PROS no Senado, é um dos que não aparece na lista de agraciados pelo Orçamento. Ao Globo, ele afirma que “a pasta está beneficiando quem goza de mais proximidade do governo. Funciona assim, o governo prestigia uns, desprestigia outros. Acaba sendo uma injustiça, pois vai pela questão da proximidade”.

O senador pelo estado do Pará, Paulo Rocha (PT) também diz que o uso do orçamento secreto no Ministério da Defesa, ou em qualquer pasta, é uma afronta à Constituição.

“Isso é uma distorção total do orçamento público do país, sendo usado apenas para atender aos interesses do governo de plantão. Estão usando toda estrutura do estado brasileiro para consolidar uma força política, para favorecer suas paróquias, seus objetivos, transformando deputados e senadores em vereadores federais”.

O general da reserva, Paulo Chagas já foi chefe de Gabinete do Estado-Maior do Exército e, nas eleições de 2018, declarou voto em Jair Bolsonaro. Ele diz que “Em momento nenhum da minha vida militar vi recursos da Defesa sendo empregados de forma política, para atender interesses outros que não sejam a missão Constitucional das Forças Armadas. Eu nunca vi isso. Uma decepção”.

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