Organização criminosa: empresários são acusados por MPs de patrocinar bloqueios bolsonaristas

Atualizado em 8 de novembro de 2022 às 15:10
Apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (PL) em protesto na rodovia BR-251
Foto: Reprodução/Diego Vara/Reuters

Na tarde desta terça-feira (8), os procuradores-gerais de Justiça de São Paulo, Santa Catarina e Espírito Santo se encontraram no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para trocar informações com a Corte sobre uma suposta organização criminosa de empresários, nos bloqueios bolsonaristas em estradas e manifestações em frente a quartéis das Forças Armadas.

Segundo os chefes dos Ministérios Públicos (MP) dos Estados, existem indícios de organização e financiamento por empresários para manter as obstruções de vias e atos golpistas.

O presidente do TSE, ministro Alexandre de Moraes, e os procuradores-gerais de Justiça Mario Luiz Sarrubbo (MP-SP), Fernando da Silva Comin (MP-SC) e Luciana Gomes Ferreira de Andrade (MP-ES) participaram do encontro na corte.

Durante a reunião, os procuradores apresentaram para Moraes uma série de informações que podem levar à identificação dos responsáveis pela manutenção dos pontos de interdição.

As primeiras investigações apontam um “fluxo financeiro” entre empresários de todo o Brasil, para que as pessoas continuem obstruindo as estradas, em descumprimento à decisão judicial. Para isso continuar acontecendo, toda a estrutura necessária estaria sendo oferecida aos bolsonaristas, como banheiros químicos, ônibus e até lanches, financiadas pelos empresários.

Os protestos bolsonaristas são contra a vitória do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Após os resultados das eleições de segundo turno, apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (PL) começaram a bloquear estradas em todo o Brasil. Os manifestantes também se concentraram em frente a quartéis das Forças Armadas.

As investigações dos MPs devem mirar o fluxo financeiro usado na formação dos bloqueios, com a identificação dos financiadores e das lideranças por trás dos atos antidemocráticos.

“Há um movimento organizado, de financiamento, que começou com as estradas e depois, com a reação das forças de Estado, eles se movimentaram e foram para frente de quartéis”, disse Sarrubbo. “A partir daí estamos entendendo esse fluxo, para que essas pessoas possam responder na esfera criminal”.

“Na nossa visão há uma grande organização criminosa, com funções definidas, financiadores, arrecadadores. Tem várias mensagens com número do pix para que mais pessoas possam abastecer financeiramente”, continuou o procurador-geral de Justiça de São Paulo.

Na visão de Sarrubbo, os bloqueios têm um caráter interestadual. “Os movimentos são muito parecidos em todo o Brasil. Os bloqueios nas estradas uma vez desbloqueada, logo em seguida era bloqueado outro trecho. Há algo em nível nacional e vamos trabalho, os MPs estaduais, com o TSE fornecendo informações”.

Ainda disse que, em São Paulo, os ônibus de uma prefeitura foram vistos transportando pessoas até as manifestações. No entanto, Sarrubbo descartou a possibilidade que exista algum envolvimento institucional, de órgãos públicos, nesses atos.

“Qualquer movimento institucional tem se mostrado localizado”, afirmou. “É um movimento muito mais ligado ao empresariado, à população em geral”.

Já na perspectiva da procuradora-geral de Justiça do Espírito Santo, Luciana Andrade, o modo de ação dos organizadores dos atos é “bem análogo e bem simultâneo”, instigando uma possível organização interestadual. “Isso demonstra o coletivo de criminosos se articulando no Brasil”, declarou.

A procuradora citou que uma das preocupações dos Ministérios Públicos é com o desenvolvimento de listas para que pessoas não consumam de determinadas empresas, que levem o viés do posicionamento político de  seus empresários. A prática, segundo Andrade, cria “embaraço à livre iniciativa” e tem tido o “olhar atento” do MP.

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