Órgão ambiental do PA quer legalizar garimpos ilegais em área de maior árvore da América Latina

Atualizado em 4 de fevereiro de 2024 às 15:05
Floresta Amazônica – Região Sudoeste Paraense. Foto: Bruno Cecim/ Ag.Pará

A Floresta Estadual (Flota) do Paru, uma das maiores unidades de conservação de uso sustentável do mundo no oeste do Pará, enfrenta um sério problema de invasão por garimpo ilegal. Com mais de 2.000 garimpeiros explorando a área, a situação compromete a preservação da biodiversidade, incluindo árvores gigantes, como um exemplar de angelim-vermelho com 400 a 600 anos, a maior da América Latina.

A falta de fiscalização desde a criação da Flota em 2006 permitiu que mais de cem frentes de extração de ouro se estabelecessem, acompanhadas por 41 pistas de pouso clandestinas. Surpreendentemente, em outubro de 2023, o Ideflor-Bio (Instituto de Desenvolvimento Florestal e da Biodiversidade do Estado do Pará) autorizou a legalização da mineração na área, contrariando seu próprio plano de manejo que classificou as áreas ocupadas por garimpos como temporárias.

Além disso, a liberação para a mineração de ouro foi concedida à empresa Mineração Carará LTDA em outubro de 2023, mesmo sendo apontada como dona de áreas de garimpo ilegal. O presidente do Ideflor-Bio, Nilton Pinto, assinou o documento para o licenciamento ambiental dentro da área protegida, desconsiderando os impactos ambientais e contrariando o plano de manejo.

A empresa, liderada pelo empresário Eduardo Ribeiro Carvalho Pini, é acusada de utilizar associações de coleta de castanhas como fachada para atender aos interesses dos garimpeiros. Pini, também presidente de uma dessas associações, busca modificar o plano de manejo para permitir o garimpo em áreas proibidas.

Árvore vista de baixo
Árvore gigante na Floresta Estadual (Flota) do Paru, no Pará . Foto: João Ramos de Matos Filho

A situação se agrava com a tentativa de autorização do ICMBio (Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade) para os garimpeiros utilizarem a Estação Ecológica (Esec) do Jari, área de proteção integral que faz divisa com a Flota do Paru. A associação liderada por Pini busca acessar garimpos na Esec, provocando impactos ambientais diretos, segundo o MPF.

Em resposta, o Ideflor-Bio afirma trabalhar com diversos órgãos para desarticular garimpos ilegais, mas a falta de ações concretas até o momento levanta questionamentos sobre a eficácia dessa resposta diante da degradação persistente na Flota do Paru. As informações são da Folha de S. Paulo.

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