Os 10 maiores cineastas: George Méliès, o criador dos efeitos especiais

Atualizado em 27 de outubro de 2014 às 13:21
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George Méliès

 

A ideia básica por trás dos filmes, todo mundo sabe, é a ilusão de movimento causada por uma sequência de imagens. Daí o nome em inglês: motion picture, ou fotografia com movimento.

georges-meliesMas essa ilusão era simplesmente o retrato de cenas cotidianas, e levou alguns anos desde sua criação para ter um ilusionista de verdade empenhado em criar universos diferentes e fantásticos. Esse mágico e teatrólogo acabaria por ser considerado o precursor dos efeitos especiais: George Méliès.

Méliès nasceu na França em 1861. Foi enviado ainda jovem a Londres por seu pai, onde teve contato com o ilusionista John Nevil Maskelyne. Quando seu pai se aposentou, já de volta à França, vendeu a seus irmãos sua parte da fábrica de sapatos que herdara e comprou o teatro Robert-Houdin em Paris, que havia pertencido ao famoso mágico Houdin.houdintheatre

Ali, fez experimentos e estrelou espetáculos por muitos anos, até entrar em contato com cinema em 1895, então uma novidade levada pelos irmãos Lumière a Paris. Méliès foi a Londres comprar uma câmera e um projetor e seu teatro passou a exibir filmes diariamente como parte das performances.

O que vem depois disso é história. Desde sua primeira filmagem, em 1986, até seu grande filme, “Uma Viagem À Lua”, em 1902, centenas de filmes haviam sido produzidos. Mas a partir de então, Méliès se tornara uma celebridade e um artista de outro nível – em “Uma Viagem À Lua”, Méliès, que estudara artes plásticas, pintou à mão cada quadro, criando antes mesmo de a fotografia ser capaz de captar cores, o cinema colorido.

936full-a-trip-to-the-moon-posterNesse momento, seu irmão Gaston Méliès passaria a cuidar dos negócios. E George faria filmes cada vez mais ambiciosos, incluindo “A Viagem Impossível”, “20.000 Léguas Submarinas”, “A Humanidade Através dos Anos” e “A Conquista do Pólo”.

Seu irmão levou o estúdio para os EUA e também passou a dirigir. Mas entre boas e más decisões financeiras (e com a ajuda da crise que seria causada pela Primeira Guerra), quebrou o estúdio.

Méliès acabaria deixando o cinema depois disso, com mais de 500 filmes produzidos. Deixaria também seu teatro que, em 1917, passaria a ser usado pelo exército francês como uma enfermaria para os feridos na guerra.Georges-Melies_32019

A guerra também foi devastadora para a obra do artista. Mais de 400 filmes de sua produtora foram confiscados pelo governo, para reciclar o celuloide e a prata, que se tornariam parte dos uniformes e armas.

Nos anos 20, quebrado, Méliès se tornara vendedor de balas na estação Montparnasse, em Paris, e apenas em 1932 a Sociedade Cinematográfica arranjaria um lugar para ele em Orly, onde acabaria ensinando e contribuindo para o trabalho de diversos jovens cineastas. E ali, acabaria também por viver seus últimos dias.

Méliès morreu em 1938, aos 76 anos, mas sua obra inestimável e imortal inspirou milhares de cineastas e artistas ao longo da história. Entre suas mais notáveis invenções e descobertas , o time-lapse, o slow-motion, o trailer, o storyboard, o corte, e obviamente, mais importante de tudo isso, o uso da imaginação ilimitada no cinema.

Aproximadamente 200 de seus filmes foram preservados. E seus fãs notáveis, que incluem Charles Chaplin, Martin Scorcese, Jean-Luc Goddard, David Griffith e outros milhares de cineastas e fãs de cinema, deram sequência aos seus sonhos.

Nota: filme originalmente mudo. Esta versão foi restaurada para exibição no festival de Cannes, e a trilha-sonora incluída não é original; a cor, no entanto é a originalmente pintada à mão, quadro a quadro, pelo próprio George Méliès.