Os algemadinhos do impeachment são os mártires de Cunha. Por Mauro Donato

Atualizado em 28 de outubro de 2015 às 18:38
"Esse cheiro de bacon me mata"
“Esse cheiro de bacon me mata”

 

Devidamente autorizados por Eduardo Cunha, oito integrantes de movimentos pró-impeachment se acorrentaram em volta de uma coluna no Salão Verde da Câmara dos Deputados, cujo acesso é restrito.

Sentados no chão e algemados uns aos outros, pertencem a  grupos distintos, entre eles o MBL (Movimento Brasil Livre).

A ideia é não arredar pé (ou nádegas) enquanto o presidente da casa não deferir os pedidos de afastamento da presidente Dilma Rousseff protocolados na Câmara.

Antes de se atrelarem, leram uma carta aberta à liderança do PMDB, fazendo a cobrança.

Cunha receberá nos próximos dias um aval da área técnica sugerindo que ele dê andamento à peça de Helio Bicudo, Janaina Paschoal e Miguel Reale Jr.

Segundo a recomendação, o pedido atualizado do trio se enquadra na lei que trata de crimes de responsabilidade. Dilma teria assinado decretos no decorrer deste ano que aumentaram a despesa do Executivo sem autorização do Congresso.

Mas Cunha é Cunha. Dá uma no cravo e logo em seguida na ferradura. Não demonstra nenhuma intenção que não seja a de salvar a própria pele.

Ficou irritado com o vazamento da informação que o parecer da área técnica da Câmara dos Deputados será favorável à sequência do trâmite de impeachment mas na verdade isso é mais um trunfo para si e para as bancadas retrógradas das quais faz parte. Manter Dilma em fogo alto é tudo o que deseja.

Já os manifestantes dizem que vão ficar ali, em greve de fome e “até quando aguentarem.” Para tanto, alguns deles afirmaram estar usando fraldas geriátricas.

Ninguém trabalha? Ninguém tem o que fazer? Ninguém tem conta pra pagar no banco? Ao menos conseguiram um fato inédito: pela primeira vez, gente do PSDB é algemada.

Eles não solicitaram, mas grupos solidários também poderiam levar medicamentos para aterosclerose, Parkinson, Alzheimer, angina, diabetes, reumatismo. E claro, muito Gardenal.

 

Jornalista, escritor e fotógrafo nascido em São Paulo.