Os ataques de Mandetta ao plano que mostrou ser possível atender idosos com preço baixo e qualidade. Por Luis Nassif

Atualizado em 12 de abril de 2020 às 14:05

PUBLICADO ORIGINALMENTE NO PORTAL GGN

Em novembro de 2018, a jovem advogada Marina Alves Mandetta, recém-formada pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), formalizou sua saída do escritório Eichin Advogados e abriu seu próprio escritório. Junto, levou a conta da Unimed Rio, da qual era titular por conta das relações do pai.

Mandetta desistira da reeleição para depurado federal por Goiás por ter passado quase todo o período em Brasil, atuando pela Unimed, e desconsiderado a base.

Dois dias depois, Mandetta foi indicado Ministro da Saúde de Bolsonaro. Em 2019, com o pai exercendo a função de Ministro da Saúde, Marina conseguiu mais dois clientes, a Unimed Seguros e a Central Nacional Unimed, segundo reportagem da Veja.

Em agosto de 2019, convidado para palestrar no congresso da Associação Brasileira de Planos de Saúde, na fala Mandetta fez questão de apontar a presença da filha. Terminada a palestra, Marina distribuiu cartões aos participantes do Congresso, salientando que já possuía experiência no setor. Havia um óbvio conflito de interesses.

A situação fica mais grave quando se analisam os ataques de Mandetta à Prevent Senior, um plano de saúde criado em São Paulo para atendimento da população idosa – e considerado exemplar por todos seus usuários. Consegue praticar um preço bem abaixo dos planos de saúde, e fornecer uma assistência médico-hospitalar muito superior. Com isso, tornou-se um referencial relevante, expondo a situação dos demais planos, com preços maiores e atendimento inferior.

Por trabalhar com uma população mais exposta ao coronavirus, e com maiores índices de letalidade, o Prevent registrou uma grande quantidade de óbitos. Houve a fiscalização extra da Secretaria da Saúde, que constatou que o hospital seguia todos os procedimentos recomendados.

Seguiu-se uma intensa campanha de denúncias contra o Prevent, inclusive acusando-o de subnotificação, valendo-se de sua vulnerabilidade no momento. Investigações do Ministério Público Estadual de São Paulo constataram que o hospital agiu corretamente.

Mesmo assim, no dia 31 de março passado, Mandetta chegou a afirmar que interviria no hospital, em uma ofensiva destinada a destruir a imagem da instituição. Obviamente havia um claro conflito de interesse, devido às suas relações históricas com o sistema Unimed, reforçadas pelos contratos de sua filha.