Os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Donald Trump tiveram um encontro rápido nesta terça-feira (23), entre os discursos de ambos na Assembleia-Geral da ONU, e decidiram marcar uma reunião na próxima semana, segundo informações oficiais dos governos brasileiro e estadunidense. Os detalhes sobre local, pauta e formato ainda não foram divulgados.
O breve encontro ocorreu em uma sala reservada da sede da ONU, após Lula deixar o púlpito. Trump já estava no local e tomou a iniciativa de falar com o presidente brasileiro. Segundo integrantes do governo, o republicano afirmou que era necessário conversar, e Lula demonstrou estar aberto a diálogo. Fernando Igreja, chefe do cerimonial da presidência brasileira, fez a tradução em tempo real.
No fim de seu discurso, Trump anunciou publicamente o encontro e ressaltou a sintonia momentânea entre os dois líderes. “Eu só faço negócios com pessoas que eu gosto. E eu gostei dele, e ele de mim. Por pelo menos 30 segundos nós tivemos uma química excelente, isso é um bom sinal”, afirmou o presidente estadunidense, que discursou logo após Lula.
O governo brasileiro confirmou a reunião agendada para a próxima semana, mas não forneceu mais detalhes.
A aproximação ocorre em meio a tensões comerciais e diplomáticas inéditas entre Brasil e Estados Unidos. Trump aplicou tarifas de 50% sobre produtos brasileiros e lançou um novo pacote de sanções contra autoridades brasileiras ligadas ao Supremo Tribunal Federal, incluindo o ministro Alexandre de Moraes e sua esposa, Viviane Barci, baseada na Lei Magnitsky.
O distanciamento entre os dois países se intensificou após a condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) a 27 anos de prisão pelo Supremo, por tentativa de golpe. Trump classificou o processo como “caça às bruxas” e, além das sanções, revogou vistos de integrantes do governo brasileiro, incluindo o advogado-geral da União, Jorge Messias. A tensão tem gerado impasse diplomático e pressão sobre Lula para negociar soluções que aliviem o clima bilateral.
Segundo fontes, o encontro relâmpago na ONU não estava previsto na agenda oficial de nenhum dos dois líderes. No entanto, a iniciativa de Trump e a disposição de Lula de dialogar demonstram que ambos buscam estabelecer canais de comunicação direta, mesmo em meio a um cenário complexo de sanções e tarifas que impactam a economia e as relações políticas entre os dois países.