Os brasileiros e o movimento “Ocupe Wall St”

Atualizado em 14 de junho de 2013 às 12:09
“OWS” em ação

Meu amigo Mateus, goalkeeper nos bons na juventude, pergunta argumentamenre: e o Brasil, quando o espírito do movimento “Ocupe Wall St” vai se manifestar no país?

Hmm.

Pensei nisso. E cheguei à conclusão de que o movimento não tende a pegar no país por uma razão: o que os manifestantes querem é algo que, bem ou mal, vem sendo feito no Brasil: um olhar para os pobres. Para os “99%”.

Olhando retrospectivamente, dá para dizer que Serra perdeu para Lula em 2002 porque a sociedade entendeu que era hora de eleger alguém que, pelo menos no plano da percepção, representasse os “99%”. Lula se reelegeu, depois, porque programas como o Bolsa Família e as cotas universitárias deram força a essa percepção. E a vitória de Dilma, em 2010, tem a mesma gênese.

Os países mais afetados pelo espírito do “OWS” são exatamente aqueles em que a percepção é a oposta – a de que um grupo de ricos governa para eles próprios e seus amigos. Os Estados Unidos, primeiro e acima de todos. Numa frase marcante, o economista  americano Joseph Stiglitz escreveu há algum tempo que o que se tem nos Estados Unidos  é o “1-1-1” — o 1% eleito pelo 1% governando para o 1%.

A administração do PT pode ser acusada de muitas coisas. Mas não de ser regida pelo esquema “1-1-1” de que falou Stiglitz.