Os cidadãos de bem que hostilizaram Wesley Batista são os mesmos que o adulavam e ao irmão Joesley. Por Nathalí Macedo

Atualizado em 12 de março de 2018 às 23:24

A regra é clara no seleto grupo da high society: você só é bem-vindo enquanto está por cima da carne seca.

O empresário Wesley Batista, da JBS, pertencente ao grupo J&F, aprendeu a regra de um jeito não muito amistoso: foi hostilizado por frequentadores de uma churrascaria fina de São Paulo, confundido com o irmão, Joesley.

A moral da burguesia do Brasil é esquisita: parece que qualquer burguês desonesto pode seguir sendo desonesto – e apoiado em suas falcatruas por outros burgueses desonestos – desde que ninguém seja descoberto.

Quando a casa cai, enfraquece a amizade.

Também, pudera: amizade pra burguês é contada em cifrões – e reputação pseudoilibada nas colunas sociais, é claro.

Como o Luciano Huck, que, antes unha e carne com o senador Aécio Neves, apagou suas fotos com ele nas redes para não queimar o próprio filme.

Os irmãos Batista, acostumados com festas de arromba em mansões e iates, já não valem mais nada para seus “companheiros” agora que, publicamente, não passam de ex-presidiários.

Joesley, antes considerado “símbolo do novo empresariado brasileiro”, passou uma temporada na cadeia, dividindo com outros presos uma cela fétida e sem banheiro.

Nada como nos tempos das festas de arromba.

Em seu casamento com Ticiana Villas Boas, ele atirou uma bolsa da Louis Vuitton no lugar do buquê para as convidadas (cafonice pouca é bobagem)?

Eles serão hostilizados pelos mesmos que os endeusavam.

A turma do pato amarelo não gosta de manchar a própria reputação: mesmo não se importando com políticas públicas que combatam a miséria, apoiando o empresariado e suas futilidades, sentem-se na obrigação de vaiarem todo ex-presidiário, porque gente de bem tem que vaiar ex-presidiários.

Os próximos a serem expulsos do clubinho têm suas batatas esquentando. Como se diz no verdadeiro Brasil – a periferia – o mundo gira e vacilão roda.