Os conselhos do ex-juiz que que trabalhou para a extrema direita. Por Moisés Mendes

Atualizado em 15 de novembro de 2020 às 15:29
Moro e Bolsonaro. Foto: Agência Brasil

Sergio Moro, o ex-juiz que abandonou a magistratura para servir à extrema direita, agora dá lição de moral aos eleitores, para que escolham o que ele considera como candidatos certos, “íntegros e sem discurso do ódio”.

Moro, o ex-juiz que encarcerou Lula antes da eleição e escolheu Bolsonaro como seu patrão e seu líder, pretende interferir nas escolhas de pessoas que nunca estariam ao lado de Bolsonaro.

Moro, o ex-juiz que se aliou às teses defendidas por fascistas, de que era legítimo para a polícia matar sob intensa emoção, agora tenta orientar o voto de quem nunca chegou e nunca chegaria perto de armas.

Moro, o ex-juiz que Bolsonaro mandou embora porque amarelou na hora de aparelhar a Polícia Federal, agora pega integridade.

Moro, o ex-juiz que decidiu, por conta e risco, como se tudo pudesse, dizer que perdoava o caixa 2 de Onyx Lorenzoni, aproveita a eleição para dar aulas de conduta.

Se o eleitor fosse fazer as escolhas consagradas por Moro, desde antes de aliar ao ódio produzido pelos Bolsonaros, muita gente hoje estaria votando em milicia1nos e fascistas aliados da família no poder.

Se os brasileiros fossem seguir os conselhos do ex-juiz, ex-ministro, ex-candidato a ministro do Supremo e daqui a pouco ex-candidato à presidência da República, muitos estariam abraçados aos filhos de Bolsonaro.

Moro pode, como retórica, e já falando no tom dos políticos ligados a Bolsonaro, defender candidatos “íntegros e sem discurso do ódio”. Mas só como retórica e como imitação dos que eram seus parceiros e seus líderes até pouco tempo no governo do pai de Flavio Bolsonaro, de unciado como chefe de quadrilha.

Quem quiser ler a íntegra da mensagem do ex-juiz no Twitter, aqui está:

“É simbólico que a eleição deste 15/11 ocorra no mesmo dia do aniversário da República. O eleitor é responsável pelo que vai acontecer nos próximos 4 anos. Escolha candidatos íntegros e comprometidos com uma gestão honesta e que beneficie a todos, sem discurso de ódio. Vote consciente!”

A parte mais divertida é a do alerta de que o eleitor é responsável pelo que vai acontecer nos próximos quatro anos.

Moro foi um dos responsáveis pelo que aconteceu desde antes da eleição de Bolsonaro e também será muito responsável pelo que acontecerá por pelo menos mais dois anos do governo gerado pelo golpismo e a reboque das ações da Lava-Jato.

O lavajatismo foi responsável por pelo menos meia década de desgraças, desde o golpe contra Dilma e da ascensão de Bolsonaro.

Moro foi aliado do líder de uma família ligada a milicianos, um grupo sem integridade e disseminador de ódios, que agora ele tenta refugar como estratégia política.

Moisés Mendes
Moisés Mendes é jornalista em Porto Alegre, autor de “Todos querem ser Mujica” (Editora Diadorim) - https://www.blogdomoisesmendes.com.br/