Os chavistas que atrapalham Chávez

Atualizado em 15 de agosto de 2012 às 20:14
A imagem que virou um escândalo na Venezuela

 

La Piedrita. A Pedrinha.

Com esse nome tenro, um grupo venezuelano se tornou uma – não resisto ao trocadilho – grande pedra no caminho do presidente Hugo Chávez em sua campanha para mais um mandato no Palácio Miraflores, na capital Caracas.

O líder do Piedrita, Valentim Santana, ex-segurança de uma universidade, está sendo procurado por homicídio. Seus seguidores dizem que sua única culpa é “defender a Revolução”. Santana admitiu que ficou “metade monstro” depois que um filho seu foi assassinado pela “direita”.

O Piedrita é um dos grupos armados – colectivos, como eles preferem ser chamados – baseados  num bairro-favela de Caracas chamado 23 de Janeiro, que fica a poucos minutos do Palácio de Miraflores. (A data deriva do dia em que um ditador militar foi derrubado, no final da década de 1950.)

Recentemente, o Piedrita provocou uma comoção nacional ao publicar fotos em que garotos apareciam com AKs 47, à frente de um muro em que estava pintada uma Virgem Maria e um Menino Jesus armados.

Foi uma das raras ocasiões em que a sociedade venezuelana, hoje amplamente dividida, concordou:  o Piedrita extrapolou. “Criança tem que segurar brinquedo e livro, não arma”, disse Chávez. “Armas para defender o país devem estar nas mãos do exército nacional.”

Mas hoje elas estão também nos colectivos — e não para a defesa da pátria.

A oposição diz que as gangues são usadas por Chávez para intimidar os adversários. Chávez rebate que agentes da CIA se infiltraram nelas para desestabilizar sua administração. O fato é que os colectivos fazem muito mais mal que bem a Chávez com seu chavismo exacerbado.  Recentemente, num editorial, o diário Universal chamou Chávez de “inimigo número 1 do povo” por não debelá-los.

Em breve, os venezuelanos dirão, nas urnas, se concordam ou não com o jornal. De toda forma, caso conquiste mais um mandato, o que é provável segundo as pesquisas, Chávez terá que se haver com os colectivos. Se ele não os neutralizar, corre o risco de ficar pequeno diante do poder paralelo que eles representam.