Os pepinos jurídicos do “livro” contra a JBS assinado pelo jornalista que divulgou a tomografia de dona Marisa

Atualizado em 14 de julho de 2019 às 12:22

A matéria saiu na Folha de sábado, dia 13.

Um dos personagens centrais é Claudio Tognolli, biógrafo de Lobão famoso por suas picaretagens travestidas de “jornalismo investigativo”.

Inventor contumaz de fake news, precursor dos blogueiros bolsonaristas, Tognolli já foi assunto do DCM algumas vezes.

Um de seus “furos” foi divulgar a tomografia de Marisa Letícia no YouTube.

Ele acaba de lançar um livro chamado “Traidores da Pátria – As Maracutaias dos Irmãos Batista na JBS”.

Teve uma campanha de marketing cara e agressiva: propaganda em sites, jornais e TVs. Foi distribuído gratuitamente a congressistas e gente de cortes superiores do Judiciário.

Emails a que a Folha teve acesso indicam que um consultor de uma empresa que trava uma batalha jurídica bilionária contra a JBS participou da edição.

Há menção de pagamento dessa companhia à editora, relata o jornal.

Alguns trechos:

As correspondências obtidas pela reportagem mostram conversas entre o empresário Paulo Tadeu, dono da Matrix Editora, que edita “Traidores da Pátria”, e Josmar Verillo, que trabalha como consultor para a multinacional Paper Excellence, empresa que pertence ao empresário Jackson Widjaja, da Indonésia.

A Paper é sócia da J&F na empresa Eldorado Brasil e briga na Justiça pelo controle da companhia.

Toda a conversa entre Tadeu e Verillo é acompanhada pelo autor, Claudio Tognolli, cujo email está copiado nas mensagens.

As trocas de mensagens aconteceram entre os dias 18 e 22 de fevereiro deste ano. Eles falaram sobre alterações no texto do livro a ser lançado. Verillo aponta a necessidade de um “gran finale” que mostre por que os irmãos Batista seriam “traidores da pátria”. (…)

“Pretendo enviar até o fim da semana que vem, para que tenhamos o livro impresso por volta do dia 20 de março. Com isso, estamos na etapa 2 do nosso contrato. Vou providenciar o envio da nota fiscal dessa segunda etapa, ok? Qualquer eventual ajuste, por favor, me avise até segunda-feira pela manhã, impreterivelmente”, diz Tadeu para Josmar Verillo com cópia para Tognolli.

A Folha ouviu Paulo Tadeu e Josmar Vercillo sobre a emissão da nota fiscal. Os dois negaram que o livro fosse uma encomenda da empresa asiática e disseram que a nota fiscal se referia a um contrato de compra antecipada de 2.000 exemplares do livro, metade em português e a outra metade em inglês.

“O pessoal que vem nos visitar nós damos o livro. Nós temos interesse que qualquer um saiba do outro lado, quem eles são”, diz Verillo. (…)

Em 24 de junho, os advogados da J&F tiveram deferida uma interpelação judicial, assinada pelo juiz Mario Chuvite Junior, do Tribunal de Justiça de São Paulo, determinando a suspensão de informações que possam influenciar o processo de arbitragem.

Os alvos da interpelação são a Editora Matrix e o escritor Claudio Julio Tognolli. O despacho diz que a publicação de “Traidores da Pátria” traz informações falsas e tem relação direta com a venda da Eldorado para a Paper Excellence.

Em dezembro de 2016, Sergio Moro foi aplaudido por admiradores na Livraria Cultura, na Avenida Paulista.

Era o lançamento do livro “Bem Vindo ao Inferno: a História de Vana Lopes” (um das vítimas de Roger Abdelmassih), de autoria de Claudio Tognolli.

O prefácio era de Moro e da mulher, Rosângela.

“Esse tipo de honra é pra quem pode”, escreveu Tognolli no Twitter, ao lado do então juiz.

Deltan Dallagnol sabe que o que importa é faturar, talquei?