Os portugueses deveriam rir ao ser chamados de “estúpidos” pelo CQC?

Atualizado em 21 de maio de 2013 às 8:54

A comunidade luso-brasileira do estado de São Paulo prestou queixa contra o programa da Band.

Eles
Eles

 

O CQC virou alvo de um inquérito policial por fazer piadas com portugueses. A queixa foi prestada pela comunidade luso-brasileira do estado de São Paulo. Você pode ver no vídeo ao pé deste artigo como foi a passagem do “repórter” Ronald Rios pela Eurocopa em 2012.

Rios fez com os portugueses, num jogo contra a República Tcheca, o que faz  por aqui: incomodou as pessoas com imbecilidades de duplo sentido, chamou alguns sujeitos de burros, disse que uma mulher tinha bigode. “Eles são muito, muito estúpidos”, disse ele.

Era pra rir?

Não sei se era o caso de inquérito. Mas é um risco que se corre e é um direito de quem se sentiu ofendido. Marcelo Tas, o líder do grupo da Band, tascou que estamos entrando em uma fase “surrealista com relação à liberdade de expressão” — aquela lenga-lenga que, hoje, serve para tudo. “Está na hora do país debater isso”.

O maior problema do CQC — fora coisas como usar crianças em “denúncias” – é a falta de graça. É isso o melhor que esses caras têm a oferecer? Humor de estereótipo em 2013?? Ninguém lê nada de novo? Ninguém assiste nada?

Danilo Gentili já comparou King Kong a jogadores de futebol, já falou que uma estação de metrô em Higienópolis, em São Paulo, era como os trens para Auschwitz (muito judeus moram no bairro). Quando reclamram, posou de herói da democracia e botou a culpa no suspeito de sempre, o politicamente correto, essa misteriosa entidade.

Agora, fazer piada com Wanessa Camargo, a mulher de Marcus Buaiz, sócio de Ronaldo Fenômeno, não pode. Ronaldo pediu a cabeça de Rafinha Bastos e ela lhe foi entregue numa boa, sem que ninguém levantasse a bandeira da liberdade de expressão. Rafinha foi total e completamente abandonado por todos os seus corajosos colegas (o que, olhando em retrospectiva, foi o melhor que lhe aconteceu na carreira).

O “humor” do CQC é uma reedição das piores piadas de José Vasconcelos e Costinha, só que com vinhetas — e infinitamente mais idiotas, ofensivas e contadas pelo grandalhão do fundo da classe que, aos 40 anos, continua no fundo da classe e repetindo de ano.