Os prefeitos (ainda poucos) que enfrentam um governo frouxo. Por Moisés Mendes

Atualizado em 26 de maio de 2021 às 19:58
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Originalmente publicado em BLOG DO MOISÉS MENDES

Por Moisés Mendes

São bravos os 43 prefeitos gaúchos (de um total de 497) que decidiram suspender as aulas presenciais em seus municípios.

Eles passam a enfrentar a ira do Estado, que cobra, através da Procuradoria-Geral, a reabertura das escolas. O argumento é o de que os prefeitos devem ser obedientes às regras estaduais.

É interessante que todo o debate em torno do abre e fecha da pandemia sempre envolveu decisões políticas, muitas vezes disfarçadas de deliberações científicas.

O governador do Estado já recuou diante de pressões e alterou todo o sistema de bandeiras.

O governador não segurou o rojão, diante da pressão da direita (e muito mais da extrema direita). Agora, a briga é assumida pela Procuradoria, como se fosse apenas uma questão legal ou jurídica.

O governo lava as mãos e deixa que a PGE brigue com os advogados das prefeituras. O Estado sai fora do embate político e se recolhe, porque a hegemonia é do negacionismo.

Em comunicado aos prefeitos, a Procuradoria-Geral destaca, segundo Zero Hora, o caráter essencial da educação e acentua que é vedado o fechamento indiscriminado total de escolas e demais instituições de ensino.

Os prefeitos dizem que fizeram a coisa certa. É uma boa briga, que vai muito além da questão técnica (se é que existe) em torno dos controles e das contenções para que a pandemia não se alastre. Por que são tão poucos os que resistem?

Venceram os que entendem que é preciso abrir tudo, mesmo que uma nova onda da Covid-19 esteja sendo anunciada e que se registre aumento das internações nas UTIs.

O governo gaúcho tem hoje um governador que não é apenas vacilante, que votou em Bolsonaro, que agora fala mal de Bolsonaro, que tenta ser a terceira via em 2022, mas que adota sempre posições e atitudes da direita.

Mais do que vacilante, o governador tucano é um dos piores governadores gaúchos. É provável até que seja mais autoritário do que os governadores interventores impostos pela ditadura.

O Rio Grande do Sul nunca teve um governador tão frouxo, valente para enfrentar professores, mas fraco quando está diante do poder do dinheiro. Essa é a síntese. O resto é conversinha.