Os ratos jogam Bolsonaro ao mar e disputam o comando do navio. Por Moisés Mendes

Atualizado em 17 de agosto de 2025 às 23:11
O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e o deputado licenciado Eduardo Bolsonaro (PL) sérios
O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e o deputado licenciado Eduardo Bolsonaro (PL) – Reprodução

Há ingênuos, inclusive entre jornalistas, segundo os quais Bolsonaro está preso em casa, mas conspirando com seus asseclas. Quais asseclas?

Que poder tem Bolsonaro hoje? O poder de incentivar a ação da gangue do esparadrapo na Câmara? Em quem Bolsonaro ainda manda?

Carluxo, que sabe mais do que certos jornalistas de esquerda, definiu bem o que se passa com o pai dele em postagem no X, replicada pelo irmão Eduardo.

Bolsonaro é um homem doente, diz Carluxo. Que, aí dissemos nós, mantém contatos com subfacções do seu grupo e com gente do centrão, mas poucos (ou talvez nenhum) querem mantê-lo vivo.

São visitas protocolares, de gente que deseja tê-lo como morto político, mesmo que finja o contrário.

Bolsonaro reza com oportunistas, e os que pretendem tomar seu lugar seguem em frente, articulando a partilha do espólio do fascismo às vésperas da condenação do líder degradado.

Foi a respeito desses desalmados, que buscam se habilitar para 2026, que Carluxo escreveu o seguinte:

“A verdade é dura: todos vocês se comportam como ratos, sacrificam o povo pelo poder e não são em nada diferentes dos petistas que dizem combater”.

Carluxo continua, referindo-se com ironia, no início do texto, aos “governadores democráticos”:

“Limitam-se a gritar ‘fora PT’, mas não entregam liderança, não representam o coração do povo. Querem apenas herdar o espólio de Bolsonaro, se encostando nele de forma vergonhosa e patética”.

Romeu Zema, Ronaldo Caiado, Tarcísio de Freitas e Ratinho Júnior – todos se encostam em Bolsonaro. Todos usam o mesmo discurso de Bolsonaro para fidelizar as bases da extrema direita. E todos estão em campanha aberta.

Planejam o futuro em meio ao drama de Bolsonaro, que não tem condições físicas, emocionais e morais para liderar coisa alguma.

Bolsonaro é, como esclareceu Michelle, um sujeito sem condições de participar de um churrasco de picanha com o coronel Zucco.

Mas Bolsonaro precisa transmitir a todos, inclusive aos ratos, que é um homem abatido e fragilizado apenas fisicamente, para poder escapar da cadeia e continuar em casa.

Sua ambição é a de continuar forte politicamente, mandando na direita, para que não seja dado como abandonado e essa não seja sua imagem, de homem solitário, junto a Alexandre de Moraes e aos ministros de primeira turma que irão condená-lo.

Só um, entre todos os que Carluxo chama de ratos em campanha antes do tempo, tem dívida de gratidão com Bolsonaro. O governador de São Paulo, que seria ainda hoje apenas um burocrata de Estado, se não tivesse sido abençoado pelo chefe do golpe.

Zema, Ratinho e Caiado não são do bolsonarismo raiz e nenhum pode ser acusado de ter chegado onde chegou por causa de Bolsonaro. Tarcísio é principal o alvo da mensagem de Carluxo.

O filho sabe que o pai comandante está sendo jogado ao mar, para que os ratos tomem conta do navio. E um ratão mal agradecido é gordo e forte por ter sido muito bem alimentado por seu pai.

Moisés Mendes
Moisés Mendes é jornalista em Porto Alegre, autor de “Todos querem ser Mujica” (Editora Diadorim) - https://www.blogdomoisesmendes.com.br/