Os teóricos do gerontocídio. Por Fernando Brito

Atualizado em 4 de abril de 2020 às 22:06
Robervaldo Rocha/Câmara de Manaus

Publicado originalmente no Tijolaço:

Por Fernando Brito

A Folha, usando os dados do Ministério da Saúde, publica que, dada a prevalência entre os mortos, na maioria idosos por coronavírus ser de cardiopatas, hipertensos e diabéticos, sugere que os “especialistas” usarão estes dados para moldar as ordens restritivas de isolamento social.

Teme-se – e não sem razão – que isso seja a “deixa” para o tão sonhado “isolamento vertical” desejado pelos bolsonaristas: isolar os velhos, à espera da loteria da morte.

Eles são improdutivos, previdenciários, causadores do déficit do INSS e, afinal, nem pouco úteis à máquina do “dinheiro acima de tudo”.

Aliás, o que já se adotou na reforma previdenciária.

Será que vamos adotar o método mental de Jair Bolsonaro, que diz que o problema da Itália é como o de Copacabana, “está cheia de velhinhos”?

Não assisti nada mais parecido ao nazismo.

Nada mais próximo de tornar os hospitais e as UTI uma espécie de forno crematório viral.

Os bolsonaristas, empresários da aventura, dizem que “vamos isolar os nossos idosos”.

Como se fosse possível separar ou eliminar o contato com os velhos ou se gente não idosa não fosse morrer pela falta de estruturas onde sejam cuidado.

Razões pseudocientíficas sempre sustentaram os genocídios. É a fatalidade ou a necessidade, como numa Esparta do dinheiro.

Não são, apesar disso, razão que se levante em qualquer lugar do mundo, porque é, sem disfarces, nazista.

Não há possibilidade de que a comunidade médica e científica vá assumi-la .

Muito menos nossos filhos e netos o farão.

As sociedades poderosas, desde Roma, ou antes, somam a energia dos jovens à experiência dos velhos.

Não somos monstros como os que nos governam.