Os três favoritos da Copa, segundo nosso colunista inglês

Atualizado em 24 de outubro de 2014 às 15:59
O sorteio, hoje
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Ladies & Gentlemen:

Boss me pede que fale dos favoritos para a Copa do Mundo.

Vou pelo método mais fácil e, em geral, mais eficiente: onde joga o melhor futebolista do mundo? Pronto. É minha aposta.

Isso quer dizer que me governo pela lógica. Mas há que considerar que a Copa é ilógica pela natureza: um jogo azarado e adeus.

Mesmo assim, vou pelas probabilidades. E o melhor jogador costuma ser decisivo.

Então meu favorito número 1 é a Argentina, por causa de Messi. Pode acontecer uma fatalidade para Messi como a derrota, na África, para alemães vigorosos e toscos. Mas se não houver um acidente os brasileiros terão que enfrentar o drama de coroar os argentinos em pleno Maracanã.

O Brasil é meu favorito número 2, por razões óbvias. Big Phil conseguiu transformar um bando de jogadores num time unido e determinado a ganhar. Temo que os nervos falhem no calor da pressão que é disputar uma Copa em casa.

Neymar pode resolver a favor ou contra. Se parar de fazer firulas desnecessárias e parar de bater todas as faltas e escanteios, poderá ser o craque da competição.

Como raio não cai duas vezes no mesmo lugar, não acredito na Espanha. É como o Barcelona sem Messi: não assusta ninguém. Não foi por acaso que o Brasil atropelou a Espanha na Copa das Confederações.

Pode parecer patriotada, mas não é. É cálculo. Meu favorito número 3 é a Inglaterra. Temos um time muito bom. Rooney é um dos melhores atacantes do mundo. Lampard e Gerrard são grandes meio-campistas. Sturridge é um atacante criativo, hábil e perigoso como os melhores brasileiros.

E desta vez não temos, como em 2010, um técnico que não fala inglês, como Fabio Capello. E espero que não tenhamos contra nós arbitragens calamitosas como aquela que deixou de dar um gol claro nosso no jogo em que fomos eliminados pelos alemães.

Detesto a Alemanha, uma vez que meu avô, o velho Harry Moore, foi morto numa blitzkrieg da Luftwaffe, na Segunda Guerra. E não jamais colocaria a Alemanha entre os favoritos, mesmo que Beckenbauer retornasse aos gramados com o vigor dos seus vinte anos.

Num patamar abaixo dos Três Grandes (Big Three) ponho os holandeses. Robben, nosso perigoso Few Tile (Pouca Telha), é um dos melhores jogadores do mundo. Canhoto, veloz, hábil, bom na assistência e bom na conclusão, é um Messi a 70%, por assim dizer.

Ladies & Gentlemen: admito a vantagem que a Argentina e o Brasil levam sobre nós, britânicos.

Mas acredito, juro que acredito, que podemos retornar do Brasil com um segundo mug (caneco) para depois cantar, pelas ruas do país, numa felicidade ébria e absoluta, God Save the Queen.

É merecido, é justo: afinal, inventamos o futebol. E o amamos mais que qualquer outro povo.

Mais até do que vocês, buddies.

Sincerely.

Scott

Tradução: Erika Kazumi Nakamura

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Aos 53 anos, o jornalista inglês Scott Moore passou toda a sua vida adulta amargurado com o jejum do Manchester City, seu amado time, na Premier League. Para piorar o ressentimento, ele ainda precisou assistir ao rival United conquistando 12 títulos neste período de seca. Revigorado com a vitória dos Blues nesta temporada, depois de 44 anos na fila, Scott voltou a acreditar no futebol e agora traz sua paixão às páginas do Diário.