Ouça a íntegra da entrevista em que deputada revelou que ter informação privilegiada da polícia política de Bolsonaro

Atualizado em 26 de maio de 2020 às 8:37

Abaixo, a íntegra da entrevista em que a deputada federal Carla Zambelli diz, claramente, que teve informação privilegiada da PF.

Ela até tentou batizar o nome da operação, ao dizer que se chamaria Covidão.

E quem é a fonte dela? Um delegado da Polícia Federal? Dificilmente.

A fonte dela é o presidente da república, Jair Bolsonaro, com quem conversa frequentemente.

Tanto que, em uma entrevista ao vivo para a TV Bandeirantes, ligou para Bolsonaro e ele atendeu.

Com a declaração de Zambelli, fecha-se o roteiro esboçado por Bolsonaro em sua queda de braço com Moro pelo controle da PF.

O ex-ministro não quis abrir mão do controle da PF e, por isso, caiu.

Bolsonaro queria dividir com o ex-juiz o controle da corporação.

Tanto que, segundo já apurado na investigação sob autoridade de Celso de Mello, Bolsonaro teria dito a Moro que desse a ele duas superintendências, a do Rio de Janeiro e a de Pernambuco.

Por que razão?

Agora se sabe: além de proteger seus amigos, Bolsonaro quer usar a estrutura policial para perseguir adversários políticos.

Na entrevista à rádio Gaúcha, Zambelli disse que a operação da PF alcançaria os governadores.

Essa frase indica que a PF passa a investigar pessoas, não fatos — como, de resto, aconteceu com a Lava Jato, ao mirar em alvos petistas, para depois descobrir fatos que pudesse levá-los à prisão.

Na entrevista, Zambelli também fala sobre isso.

A diferença é que agora os alvos são escolhidos por Bolsonaro, não pelo ex-juiz.

A politização policial é o ingrediente que faltava para destruir o que nos restou de estado democrático de direito, que já vinha sendo abalado severamente pela Lava Jato.