Abaixo, a íntegra da entrevista em que a deputada federal Carla Zambelli diz, claramente, que teve informação privilegiada da PF.
Ela até tentou batizar o nome da operação, ao dizer que se chamaria Covidão.
E quem é a fonte dela? Um delegado da Polícia Federal? Dificilmente.
A fonte dela é o presidente da república, Jair Bolsonaro, com quem conversa frequentemente.
Tanto que, em uma entrevista ao vivo para a TV Bandeirantes, ligou para Bolsonaro e ele atendeu.
Com a declaração de Zambelli, fecha-se o roteiro esboçado por Bolsonaro em sua queda de braço com Moro pelo controle da PF.
O ex-ministro não quis abrir mão do controle da PF e, por isso, caiu.
Bolsonaro queria dividir com o ex-juiz o controle da corporação.
Tanto que, segundo já apurado na investigação sob autoridade de Celso de Mello, Bolsonaro teria dito a Moro que desse a ele duas superintendências, a do Rio de Janeiro e a de Pernambuco.
Por que razão?
Agora se sabe: além de proteger seus amigos, Bolsonaro quer usar a estrutura policial para perseguir adversários políticos.
Na entrevista à rádio Gaúcha, Zambelli disse que a operação da PF alcançaria os governadores.
Essa frase indica que a PF passa a investigar pessoas, não fatos — como, de resto, aconteceu com a Lava Jato, ao mirar em alvos petistas, para depois descobrir fatos que pudesse levá-los à prisão.
Na entrevista, Zambelli também fala sobre isso.
A diferença é que agora os alvos são escolhidos por Bolsonaro, não pelo ex-juiz.
A politização policial é o ingrediente que faltava para destruir o que nos restou de estado democrático de direito, que já vinha sendo abalado severamente pela Lava Jato.