Rodrigo Pacheco é o novo nome que Globo, Folha e Estadão apresentam como possível candidato da terceira via para enfrentar Lula, pois todos os outros, sem potência eleitoral, falharam até agora.
Não podemos esquecer que Pacheco (DEM-MG) engavetou a CPI do Genocídio, que só foi desengavetada por ordem do Supremo.
Pois leiam o que o preferido do momento acha da militarização do governo Bolsonaro, em entrevista a Bruno Boghossian e Renato Machado, na Folha: “Com a eleição do presidente Bolsonaro, cuja convivência é com militares, é natural que a composição de seu governo se dê por militares”.
Um político que ocupa a presidência do Senado e se apresenta como opção de “centro” ao próprio Bolsonaro consegue ser mais cuidadoso com os militares do que todos os outros candidatos que se dizem centristas.
A pergunta é esta: como um líder civil, em posição de destaque, admite, em meio às denúncias de envolvimento de uma dúzia de coronéis com os rolos das vacinas, que a presença de militares no governo é natural?
Pacheco consegue estar à direita de João Doria, Luiz Henrique Mandetta, Ciro Gomes, Eduardo Leite, João Amoedo, Sergio Moro (que está de novo em pré-campanha).
Essa declaração é uma tatuagem na testa de Pacheco, que terá de carregar a marca durante a campanha, se decidir mesmo concorrer.
Nem mesmo uma ressalva que fez logo adiante na entrevista atenua o que disse.
Ao contrário, complica ainda mais sua posição militarista. Pacheco disse, dentro da mesma resposta, como se quisesse remendar o que havia afirmado antes: “A grande reflexão que fica é se os militares da ativa devem participar de governos ou não. E esta definição deve se dar ouvindo-se as Forças Armadas. Até porque tenho absoluta certeza, honradas como são, éticas como são, não querem ter esse contato permanente com a política”.
É uma posição desastrosa.
A militarização é apenas mais grave com gente da ativa, mas mesmo com gente da reserva é militarização. A maioria dos ocupantes de cargos de chefia no governo é de oficiais da reserva.
E a definição dos militares sobre participarem ou não de governos, ao contrário do que diz Pacheco, deve se dar por decisão do poder civil, por deliberação política de quem tem representação para legislar.
Os militares não podem ter a prerrogativa de decidir se devem ou não participar e tampouco devem ser voz ativa na tomada dessa decisão.
A entrevista é um fracasso para quem pretende se apresentar como uma figura moderada. Pacheco tentou fazer média com os militares.
Mas não é desse tipo de candidato que a direita precisa hoje. Se for assim, que fiquem com Bolsonaro.