Padre Júlio é o Homem no Ano porque age sozinho, sem pedir ajuda a ninguém

Atualizado em 31 de dezembro de 2021 às 14:43
Padre Julio Lacelotti
Padre Julio age sozinho, sem pedir ajuda a ninguém, e por isso sua obra é monumental

Foram tantos os gestos de boa vontade que fica difícil enumerar todos para justificar algo que brasileiro nenhum haverá de discordar: Júlio Lancellotti, conhecido como o ‘padre rebelde’, é o homem do ano no Brasil.

Pároco da Igreja São Miguel Arcanjo, no bairro da Mooca, é o Coordenador da Pastoral do Povo da Rua da Arquidiocese de São Paulo.

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É uma referência nacional na luta pelos direitos humanos.

Ou melhor, mundial, desde que recebeu um telefonema do Papa Francisco o parabenizando pelo trabalho em favor dos mais necessitados.

Padre Júlio trabalhou decadas para ganhar a respeitabilidade de que desfruta: atuou durante toda sua vida ao lado de refugiados, da população LGBTQIA+, dos portadores de HIV e da população carcerária.

Mas ganhou destaque mesmo pelo seu trabalho com as pessoas em situação de rua na cidade de São Paulo.

Libertador por natureza, defende que, para viver o Evangelho de Cristo, é preciso estar ao lado dos oprimidos e lutar em conjunto pelos seus direitos.

Teoria da Libertação

Como Frei Betto, é adepto da Teoria da Libertação – em tese, essa doutrina envolve diversas correntes de pensamento e seus adeptos interpretam os ensinamentos de Cristo buscando combater as injustiças impostas a grupos oprimidos.

O próprio Vaticano não abraçou formalmente a corrente até a nomeação do Papa Francisco.

Foi chamado de “cafetão da miséria” pelo deputado Arthur do Val, o Mamãe Falei, do Patriotas, e teve de registrar um Boltim de Ocorrência para se proteger das constantes ameaças que passou a receber.

Num Brasil em que o Estado se ausenta cada vez mais de suas responsabilidades sociais, é natural que a figura de Padre Júlio tenha ganhado força: afinal, a sociedade não é tão insensível assim e, diante da inoperância dos mandatários, muitos se juntaram ao religioso nas obras pelas necessitados, tornando Júlio uma figura emblemática e muito querida por todos.

Nesta semana, padre Júlio falou com o DCM no nosso canal no Youtube (veja o VÍDEO no final do artigo).

A seguir alguns momentos, listados pelo portal CasaUm, em que o religioso, sozinho, tomou iniciativas que justificam o título de Homem do Ano de 2021.

Ele se mobilizou para cadastrar pessoas em vulnerabilidade extrema no programa de auxílio emergencial do governo federal.

Comemorou a eleição da vereadora Erika Hilton, ativista dos direitos negros e LGBTI e primeira vereadora transgênero, eleita com a maior votação do país.

Recebeu uma ligação do Papa Francisco, parabenizando-o pelo seu trabalho com os mais vulneráveis.

Beijou os pés da transexual Sheila que acompanhava a Via Sacra do Povo da Rua.

Brigou com os vizinhos do bairro que queriam retirar o Centro de Acolhimento Temporário (CAT) da Mooca.

Padre Júlio brigou com vizinhos

Contestou os dados oficiais da prefeitura e falou sobre as mortes por frio das pessoas em situação de rua.

Diretor da Casa Vida, ele mantém sob sua tutela crianças órfãs e portadoras do vírus HIV.

Marretou as pedras instaladas para “expulsar” moradores de rua na zona leste da cidade e cobrou políticas públicas para essa parcela da sociedade. De acordo com o Censo da População em Situação de Rua de 2019, São Paulo tem aproximadamente 25 mil pessoas vivendo nessas condições.

Realizou o lava-pés ou “Mandamento da Humildade”, rito popular do cristianismo que simboliza a comunhão entre Jesus e seus apóstolos durante a última ceia, lavando os pés de moradores de rua.

Mencionou a importância do movimento antifascista em uma missa transmitida remotamente.

Fez parte da campanha de vacinação de moradores em situação de rua.

Em uma cerimônia lavou os pés da transexual Viviany Beleboni, modelo que atravessou a paulista “crucificada” na 19ª Parada LGBT+ para simbolizar as violências contra mulheres trans.

Visitou os estudantes secundaristas na ocupação da Assembleia Legislativa de São Paulo.

Ofereceu a sede da “Casa de Oração do Povo da Rua” para acolher moradores de rua com suspeita de coronavírus.

Distribuiu e continua distribuindo alimentos para pessoas em vulnerabilidade social durante a pandemia.