Países mais religiosos são os mais desiguais socialmente, diz pesquisa

Atualizado em 22 de novembro de 2019 às 9:47
Religião

Publicado originalmente no EcoDebate

POR JOSÉ EUSTÁQUIO DINIZ ALVES, doutor em demografia e professor titular do mestrado e doutorado em População, Território e Estatísticas Públicas da Escola Nacional de Ciências Estatísticas – ENCE/IBGE

Desigualdade social e religiosidade são fenômenos que andam juntos e de mãos dadas. Em geral, quanto mais desigual um país, maior importância a população tende a dar à religião.

Essa é uma conclusão que se pode tirar do gráfico acima, apresentado pela pesquisa “Americans are far more religious than adults in other wealthy nations”, do Instituto PEW (31/07/2018).

A linha inclinada do gráfico mostra que os países que mais valorizam a religião são aqueles que possuem maior Índice de Gini, tendo maior concentração de renda. Ao contrário, a religião é menos relevante nos países com reduzidas desigualdades sociais.

Uma das explicações para esta situação é que, nos países mais desiguais, a falta de instituições públicas atuantes para corrigir as “falhas do mercado” contribui para a manutenção da concentração de renda e uma alta percentagem de pessoas abaixo da linha da pobreza.

Já nos países com o Estado Laico desenvolvido, o secularismo é essencial para fortalecer a luta contra as injustiças sociais. O secularismo representa o exercício da função pública sem vínculo com o posicionamento religioso e com uma comunidade neutra em relação às crenças religiosas.

Neste sentido, o desenvolvimento com justiça social caminha concomitantemente ao avanço da sociedade secular, que respeitando a liberdade religiosa e a realização de cultos, coloca o bem comum acima dos dogmas, das disputas entre as religiões, levando em consideração as boas práticas de governança e os consensos surgidos no meio científico e tecnológico.