Países reagem à interceptação de Flotilha para Gaza e falam em “grave ofensa”

Atualizado em 2 de outubro de 2025 às 10:19
Flotilha com ajuda humanitária para Gaza. Foto: Reprodução

Países de diferentes continentes reagiram nesta quinta-feira (2) à interceptação de cerca de 40 barcos da Flotilha Global Sumud, que levava ajuda humanitária para Gaza. A ação militar de Israel deteve centenas de ativistas de mais de 40 países, incluindo brasileiros, e gerou protestos diplomáticos. Com informações do UOL.

O Brasil confirmou que pelo menos dez cidadãos foram detidos, entre eles a deputada federal Luizianne Lins (PT-CE) e o ativista Thiago Ávila.

Em nota, o Itamaraty afirmou: “O governo brasileiro deplora a ação militar do governo de Israel, que viola direitos e põe em risco a integridade física de manifestantes em ação pacífica. No contexto dessa operação militar condenável, passa a ser de responsabilidade de Israel a segurança das pessoas detidas”.

A deputada Luizianne Lins (PT-CE). Foto: Reprodução

Espanha e África do Sul cobram libertação

Na Europa, a Espanha convocou a encarregada de negócios de Israel para prestar esclarecimentos. O ministro de Exteriores, José Manuel Albares, afirmou que vai informar a diplomata Dana Erlich de que os cidadãos detidos “não representavam nenhuma ameaça a Israel nem a ninguém”.

A África do Sul também reagiu, classificando o bloqueio como uma “grave ofensa”. O presidente Cyril Ramaphosa pediu a libertação imediata dos detidos, entre eles Nkosi Zwelivelile Mandela, neto de Nelson Mandela.

“Minha expectativa é de que Israel liberte os ativistas de direitos humanos. Esses raptos não têm propósito no contexto dos esforços para assegurar a paz no Oriente Médio”, afirmou.

Reino Unido, Austrália e Itália criticam situação

O Reino Unido declarou estar “muito preocupado” com a crise. “Os insumos carregados pela flotilha deveriam ser entregues a organizações em terra para serem distribuídos com segurança em Gaza. É responsabilidade do governo de Israel resolver essa crise humanitária terrível”, disse o Ministério das Relações Exteriores.

A Austrália afirmou estar ciente das detenções e pediu respeito ao direito internacional. Em comunicado, disse que quer “certificar-se de que a segurança e o tratamento humano dos envolvidos serão respeitados”.

Na Itália, a primeira-ministra Giorgia Meloni prometeu “fazer o necessário” para trazer os cidadãos de volta, mas criticou a ação dos ativistas. Segundo o chanceler italiano, 22 cidadãos foram detidos, nenhum deles ferido.

Apesar de a maioria das embarcações ter sido interceptada, quatro barcos continuam a caminho de Gaza, segundo monitoramento da flotilha. O Mikeno foi o primeiro a atingir águas palestinas. Além dele, seguem navegando o Marinette, o Shireen e o Summertime-Jong, estes dois últimos conhecidos como “barcos jurídicos”, transportando advogados.

Missão internacional com presença brasileira

A Flotilha Global Sumud, cujo nome significa “resiliência” em árabe, partiu de Barcelona no início de setembro com cerca de 40 barcos e centenas de militantes pró-Palestina. Após uma parada de 10 dias na Tunísia, retomou a viagem em 15 de setembro.

Entre os brasileiros a bordo estão Lucas Gusmão, Mohamed El Kadri, João Aguiar, Mariana Conti (vereadora do PSOL em Campinas), Gabriele Tolotti (presidente estadual do PSOL), além de professores, militantes, pesquisadores e o jornalista Hassan Massoud.

A missão também conta com nomes internacionais como a ativista sueca Greta Thunberg, a eurodeputada franco-palestina Rima Hassan e a ex-prefeita de Barcelona, Ada Colau. Greta já havia participado de outra flotilha interrompida por Israel em anos anteriores.

Segundo os organizadores, o objetivo da viagem é “romper o bloqueio a Gaza” e levar “ajuda humanitária a uma população sitiada, que enfrenta fome e genocídio”. Mais de 400 pessoas já morreram de fome na região desde o início da guerra, a maioria neste ano, após dois meses sem entrada de assistência humanitária.