“Pandemicídio”, diz pesquisador de Harvard sobre situação do Brasil de Bolsonaro

Atualizado em 25 de março de 2021 às 11:22

Publicado no Twitter do cientista Eric Feigl-Ding, pesquisador da universidade de Harvard

Enterro de vítima da covid-19 no cemitério da Vila Formosa, em São Paulo (Foto: REUTERS/Amanda Perobelli)

Pense nisso: 60% de todos os pacientes de UTI em São Paulo estão agora entre as idades de 30-50 anos, relata o repórter MattRivers, da CNN.

Bolsonaro está matando ativamente a próxima geração, destruindo famílias.

É hora de chamar isso de “pandemicídio”.

Você sabia que uma em cada três mortes por covid-19 em todo o mundo ocorreu no Brasil? É verdade.

Não podemos dar as costas ao Brasil. Se perdermos o controle de a P1 (variante brasileira do coronavírus), isso colocará o mundo em perigo. Se deixarmos o país entrar em colapso, isso colocará o mundo em perigo.

O mundo deve agir de forma decisiva para ajudar o Brasil.

Os hospitais estão tão lotados que não só é quase impossível encontrar um leito de UTI, mas os medicamentos sedativos estão em falta até mesmo para fazer intubações. Os hospitais brasileiros estão agora implorando aos hospitais veterinários pelos remédios. Os suprimentos acabam em cerca de 1 semana.

E mesmo assim, 80% dos pacientes intubados com covid-19 morreram no Brasil entre fevereiro e dezembro de 2020 – a média mundial é de 50%. A porcentagem de mortalidade para intubados também não melhorou no Brasil em 2020.

Agora o país não tem nem remédio para intubar.

E não há vacinas suficientes. Elas não foram pedidas com rapidez – 138 milhões de doses foram solicitadas apenas no final da semana passado, quando as UTIs já estavam cheias.

Esta foto de um homem “clamando a Deus” é onde o povo do Brasil está agora.

Enfermeiro reza ao lado de paciente em leito de hospital

Aqui está porque a P1 é preocupante. Pode ser uma transmissão 2-2,5x mais rápida em dois estudos diferentes. Isso o tornaria mais rápido do que o B117.

Outra pesquisa coloca a P1 com potencial de reinfecção possivelmente maior.

Quanto à neutralização da variante P1 por vacinas, é mais evasiva de anticorpos do que a B117 ou a cepa antiga, mas é neutralizada melhor do que a variante B1351 da África do Sul.

E a vacina da Johnson & Johnson (subsidiária da Jansen) funciona bem no Brasil – 87% para doença grave após 28 dias.

Dito isso, a principal vacina no país é a SinoVac, que tem eficácia geral de 50% e eficácia de 78% para doença grave.

Mas a escassez de vacina atualmente é a principal crise. Apenas não há o bastante. O Rio de Janeiro está sem vacinas segundo a CNN. E as remessas que chegarão no próximo mês não são suficientes.

A crise no Brasil é agora uma ameaça à estabilidade global – tanto em pandemia quanto economicamente – especialmente se o país se desestabilizar com a onda P1.

Os parlamentares brasileiros agora acusam o presidente Bolsonaro de tentar “sufocar” o país.

O Brasil precisa desesperadamente vacinar mais. O único grande país da América Latina com bom desempenho no lançamento de vacinas é o Chile.

por isso devemos estar atentos ao Brasil. Se deixarmos a variante P1 no Brasil se tornar global, isso colocará o mundo em risco. E se a economia do Brasil entrar em colapso, também ameaça o resto do mundo.