
Jorge Bergoglio, o primeiro papa latino-americano, deixou a Argentina em 2013 para participar do conclave que elegeria o sucessor de Bento 16, mas nunca mais voltou ao seu país natal. Durante seus 12 anos de papado, ele visitou vários países da região, incluindo quatro que fazem fronteira com a Argentina, mas nunca retornou a Buenos Aires.
O papa, agora com 88 anos, tinha planos diferentes quando partiu. “Quando ele deixou Buenos Aires para o Conclave, ele parecia um tanto triste; estava preparando um quarto para sua aposentadoria no Lar dos Padres”, lembrou o padre Guillermo Marcó, da Arquidiocese de Buenos Aires. Na época, ele não imaginava que seria o escolhido para suceder Bento 16 e iniciar um papado que duraria mais de uma década.
Gustavo Vera, amigo de Bergoglio e ativista contra o tráfico de pessoas, revelou à BBC News Mundo que o pontífice acreditava que seu papado seria curto. “Ele pensava que seriam quatro anos, por causa da idade, ou talvez tivesse que abdicar devido a um derrame ou algo assim”, disse Vera. Essa visão de um papado breve contrastou com a realidade, em que ele passou 12 anos liderando a Igreja Católica.
Em sua jornada como papa, Francisco se manteve comprometido com seu trabalho no Vaticano e suas responsabilidades globais. Embora tenha visitado países vizinhos como Brasil, Chile e Uruguai, seu vínculo com a Argentina nunca foi suficientemente forte para retornar ao país natal. Isso, entretanto, não significa que o pontífice tenha rompido totalmente com suas origens.

Ainda que seu papado tenha se concentrado em questões globais, como a luta contra as desigualdades sociais e o cuidado com o meio ambiente, Bergoglio nunca abandonou a memória de sua terra natal. No entanto, com o peso de suas funções, as chances de ele retornar à Argentina sempre foram mínimas, algo que ficou claro ao longo dos anos.
Porém, a decisão de nunca voltar ao país não foi motivada apenas por questões pessoais. O papa também enfrentou pressões políticas e sociais dentro da própria Argentina, que, em algumas ocasiões, questionou sua posição frente a temas sensíveis. Sua postura conciliadora e sua visão pastoral sobre a política mundial o afastaram de disputas internas que poderiam ter complicado sua volta.
Apesar disso, Bergoglio nunca deixou de se comunicar com seu povo, seja por meio de suas cartas ou discursos. A memória da Argentina sempre esteve presente em sua liderança, mesmo que ele nunca tenha pisado novamente em solo argentino.
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