Para acabar com o toma lá, dá cá. Por Chico Alencar

Atualizado em 10 de setembro de 2023 às 13:32
A esquerda, deputado André Fufuca, indicado do PP para chefiar o Ministério do Esporte. A direita, deputado Silvio Costa Filho, responsável pelo comando do Ministério de Portos e Aeroportos – Foto: Reprodução

Por Chico Alencar

Lula fechou com o PP a entrega do Ministério dos Esportes e da Caixa Econômica Federal. Portos e Aeroportos e Funasa vão para o Republicanos.

Esses partidos apoiaram Bolsonaro. Formam o chamado “Centrão”, que sem máquina do Estado não sobrevive. No âmbito dos estados costuma ser a mesma geleia geral. “Governabilidade de amor remunerado”.

“Presidencialismo de coalizão”, costumava-se dizer. Mas a concepção de gestão e de ética pública às vezes é tão diferente entre uns e outros que compõem governos que o melhor seria chamar de “presidencialismo de colisão”.

Agora, parece haver uma adaptação ao jeito “esperto” de fazer política, uma “normalização” de procedimentos duvidosos e incoerências. Alguns já falam de “presidencialismo de cooptação” ou “pragmatismo político”, como preferem outros.

Arthur Lira, presidente da Câmara dos Deputados e Luiz Inácio Lula da Silva. Foto: Cristiano Mariz

Resta saber quem está cooptando quem. Ao longo da nossa História de 201 anos como nação, o fisiologismo e os interesses privados prevaleceram.

Só com intensa mobilização popular um governo progressista consegue avançar, pressionando o Congresso. Ainda estamos longe disso, mas é preciso batalhar.

Seria fundamental formar maioria antes, na eleição, vencendo-as também no Legislativo. Não foi o que ocorreu no ano passado.

Uma mudança política importante seria realizar eleições para o Legislativo um ou dois meses depois das do Executivo – como é feito em alguns países. Assim, o povo poderia votar com consciência e, se desejasse, garantiria maioria a quem vai governar o país (ou numa oposição com nitidez e clareza de princípios). Os governantes eleitos não precisariam se sujeitar a barganhas, e deputados e senadores deixariam de aderir, por oportunismo, e boa dose de cinismo, ao governo que não apoiaram.

Estamos estudando uma PEC que defina isso. Até lá, ficaremos atentos, com fiscalização redobrada sobre ministérios e diretorias de estatais que têm titulares com histórico duvidoso e nenhum conhecimento de causa. O parâmetro deve ser, sempre, o do interesse público.

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