Para advogado, governantes estimulam violência policial

Atualizado em 29 de maio de 2019 às 16:43
Doria e o Comando de Operações Especiais – COE, da Polícia Militar. Foto: Reprodução/Instagram

PUBLICADO NO REDE BRASIL ATUAL

Policiais militares de São Paulo são suspeitos pela morte de mais um jovem. O violinista Rian Rogério dos Santos, de 18 anos, passava de moto em frente à escola estadual Natalino Fidêncio, em Carapicuíba, quando teria sido agredido por um policial da Ronda Escolar, que o abordou e, em seguida, bateu com um cassetete em sua cabeça. Ele acabou perdendo o controle do veículo, bateu contra uma mureta e caiu, morrendo no local.

Testemunhas que presenciaram a cena confirmaram a agressão contra Rian à Ponte Jornalismo. Além disso, imagens de uma câmera de segurança mostram o momento em que o violinista passa com a moto pela escola usando capacete, desmentindo ainda a versão apresentada pelos policiais militares que atenderam a ocorrência e disseram que a vítima poderia não estar usando o equipamento de segurança. De acordo com as testemunhas, o capacete teria caído depois do jovem ser golpeado pela PM.

Para o integrante do Conselho Estadual dos Direitos Humanos de São Paulo (Condepe) e membro do Grupo Tortura Nunca Mais, Ariel de Castro Alves, a morte de Rian é “mais uma tragédia provavelmente gerada pela violência policial, que vem aumentado e muito no estado de São Paulo”. “Os policiais agem como se tivessem uma licença para matar dada pelo governador João Doria, o presidente Jair Bolsonaro e o ministro da Justiça Sérgio Moro”, acrescenta, em referência aos discursos, condecorações e propostas de lei, como o Pacote Anticrime, que estimulam a letalidade e o estado de violência. Nesta segunda-feira (27), os pais de Rian denunciaram o caso à Ouvidoria das Polícias, órgão que vem sendo alvo, no entanto, do Projeto de Lei 31/2019 do deputado estadual Frederico D’Ávila (PSL) que quer extingui-lo.

Ato público em defesa da Ouvidoria e do Condepe

A morte de Rian é mais um ato de violência que comprova a importância do órgão e do Condepe, também alvo de ataques de deputados estaduais, como avalia Ariel de Castro Alves que, nessa terça-feira (28), participou de um ato público, na Faculdade de Direito do Largo São Francisco da USP, contra a extinção dos órgãos de fiscalização.

Em apoio à Ouvidoria e ao Condepe, mais de 300 pessoas, entre elas, representantes de movimentos da sociedade civil organizada, agentes da segurança pública, intelectuais e parlamentares participaram do ato. “É fundamental o trabalho da Ouvidoria, ainda mais nos tempos atuais”, destaca Ariel que analisa a extinção como um interesse dos policiais violentos e corruptos. “Os criminosos que atuam na polícia, a banda podre, é a eles que interessa. Aos bons policiais não interessa porque eles querem também que seja extirpada a banda podre porque o mau policial prejudica toda a instituição”, afirma.

Com base em dados da Ouvidoria, de acordo com o integrante do Condepe, só em abril, a letalidade policial fez 213 vitimas, um aumento na comparação com o mesmo período do ano passado, em que morreram 197 pessoas em decorrência da violência policial.