Para desencorajar vacinação, senador bolsonarista Girão mente sobre Stênio Garcia

Atualizado em 27 de maio de 2021 às 14:52
Stênio Garcia. Foto: RAPHAEL DIAS/TV GLOBO

O senador Eduardo Girão, bolsonarista que está no Podemos, resolveu tumultuar a CPI da Covid nesta quinta (27). Falou em “notícias que recebeu no WhatsApp” mostrando que o ator Stênio Garcia, famoso na Globo, teria se vacinado e também se contaminado com o novo coronavírus.

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A origem dessa fake news simplista bolsonarista vem de postagens nas redes sociais.

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Os textos usam o caso de Stênio para desencorajar a vacinação no País e atacar a eficácia da Coronavac, que foi comprovada em estudos científicos. As postagens aparecem juntamente com mensagens como “(vacinas) funcionam mesmo?” e “estão enganando o povo?” Esses posts ignoram o fato do ator ter sido contaminado poucos dias após tomar a segunda dose, antes do tempo necessário estimado para o corpo desenvolver a proteção imunológica.

A proteção chega em 30 dias e há possibilidade de contaminação mesmo após aplicação do imunizante.

Lembrando do caso

No dia 9 de abril, a mulher de Stênio, Marilene Saade, disse em seu Instagram que o marido havia testado positivo para o novo coronavírus. Mesmo que ele não tenha apresentado sintomas graves, Saade disse que o casal se preocupou, uma vez que ele já havia tomado as duas doses da Coronavac em 9 de fevereiro e 9 de março.

Ela fez várias postagens no Instagram nas quais relatava exames feitos por Stênio Garcia e o progresso do seu quadro clínico, que se manteve sem sintomas. Em 15 de abril, Marilene explicou que o ator provavelmente se contaminou em 13 de março, apenas quatro dias após tomar a segunda dose da vacina, quando foi visitado por uma pessoa que estava contaminada de forma assintomática e não sabia.

“Como pode ter tomado as duas doses e não ter anticorpos? É a pergunta que está nos deixando muito preocupados”, havia escrito Saade na rede social. Dias depois ela recuou, e disse que novos exames mostraram que o ator havia gerado anticorpos. Como disse o médico de Stênio, foram esses anticorpos que evitaram que seu quadro se agravasse. “A vacina protege (contra) casos graves e moderados. Stênio não teve nem sintomas leves, já que espirros são mais questões alérgicas. Enfim, todos têm que se cuidar até que todo o mundo esteja imunizado”, disse Saade em 14 de abril.

Os especialistas alertam que é preciso receber as duas doses da vacina para que se tenha a proteção encontrada nos estudos clínicos. Além disso, deve-se aguardar um período de cerca de 20 dias após tomar o reforço do imunizante para que haja tempo do corpo ter a resposta imunológica.

Era esperado que Stênio pudesse se contaminar apenas quatro dias após a segunda dose.

Mesmo assim, esse discurso apareceu na CPI da Covid tentando colocar a vacinação em dúvida.