Para Haddad: uma lista de coisas que são verdadeiramente ‘muito fortes’. Por Paulo Nogueira

Atualizado em 11 de agosto de 2016 às 19:48
Isto é forte
Isto é forte

Golpe é uma palavra muito forte, disse Haddad.

Foi, sem dúvida, uma das maiores asneiras pronunciadas por Haddad em sua vitoriosa carreira.

Forte é removerem uma presidente eleita numa gambiarra descarada.

Forte é deixarem Eduardo Cunha conduzir um processo imundo quando já pesavam contra ele provas esmagadoras.

Forte é o jornalismo de guerra que massacrou Dilma desde que ela ganhou seu segundo mandato com 54 milhões de votos.

Forte foi a Lava Jato com suas operações espetaculares voltadas exclusivamente contra o governo de Dilma e contra Lula.

Forte é Aécio, citado em tantas delações, dizer no Senado que a impunidade tem que acabar.

Forte é Serra levar 23 milhões de reais em dinheiro sujo e continuar no cargo de chanceler como se nada houvesse acontecido.

Forte é Temer assumir interinamente um governo e promover mudanças capitais a favor da plutocracia antes de ser efetivado.

Forte é a negociação espúria que levou senadores relutantes como Romário a aderir ao golpe.

Forte é a cara de pau de Moro em dizer que nunca chegaram à Lava Jato denúncias contra o PSDB.

Forte é Teori Zavascki esperar cinco meses para se mexer em relação ao pedido de afastamento de Cunha.

Forte é Carmen Lúcia dizer que não quer ser chamada de presidenta do STF porque é amante do português, como se Dilma fosse uma idiota.

Forte é ver trânsfugas como Cristovam Buarque defenderem sua postura vergonhosa.

Forte é ver FHC bradar contra a corrupção de maneira tão cínica, ele que comprou votos para se reeleger e que encheu a Globo de dinheiro público para ganhar apoio dela.

Forte, fortíssimo, é ver 54 milhões de votos serem destruídos e, com eles, a democracia tão jovem de um país acostumado a toda espécie de golpes da plutocracia — golpes que vão muito além dos militares, como vimos em 2016 e Haddad parece não ter visto, como a Carolina na janela de Chico Buarque.