O tenente-coronel Mauro Cid, suspeito de liderar um esquema de desvio e venda ilegal de presentes recebidos pelo governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), minimizou seu conhecimento sobre itens de luxo. As informações foram obtidas a partir da coluna de Andréia Sadi no G1.
Em meados de março de 2023, durante uma conversa com um interlocutor, o ex-ajudante de ordens afirmou que havia descoberto recentemente o significado de um Chopard, uma marca de luxo de um dos relógios recebidos pelo ex-mandatário, que a Polícia Federal (PF) suspeita ter sido desviado.
“Se me dissessem, ah, tem um relógio Chopard, eu perguntaria: ‘o que é isso?'”, disse Cid na ocasião. Em outro momento, o ex-ajudante de ordens mencionou uma marca menos elitizada de relógios: “Para mim, é um Casio”, à respeito de uma outra peça.
No entanto, meses antes, Cid foi responsável por levar exatamente esse relógio para os Estados Unidos. O item, que foi recebido pelo governo brasileiro durante uma visita oficial à Arábia Saudita em 2021, foi transportado no avião presidencial em que Bolsonaro se dirigia aos EUA após perder as eleições presidenciais de 2022.
Além disso, por meio da análise de documentos de Cid, foi possível descobrir que o militar já havia digitalizado e arquivado em seu e-mail quatro certificados de itens da marca Chopard, o que já daria uma indicação de que os relógios eram itens de alto valor.
Mauro Cid permanece detido desde o dia 3 de maio, após ser alvo de uma operação da PF que investiga a inserção de dados fraudulentos no sistema do Ministério da Saúde relacionados aos cartões de vacinação. O esquema suspeito teria beneficiado Jair Bolsonaro e alguns membros de sua família.
No entanto, na última sexta-feira (11), o ex-ajudante de ordens passou a ser também alvo de investigação no âmbito da operação Lucas 12:2, que apura justamente o suposto esquema de venda ilegal dos presentes de luxo.
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