
O presidente do Senado, Davi Alcolumbre, começou a ligar para colegas nesta quinta-feira (20) para comunicar que votará contra a indicação de Jorge Messias ao Supremo Tribunal Federal. A movimentação marca uma mudança significativa na relação do senador com o Palácio do Planalto, já que Alcolumbre vinha sendo visto como um aliado importante do governo nas articulações do Congresso. Com informações de Guilherme Amado, no PlatôBR.
Segundo um senador que recebeu a ligação, Alcolumbre afirmou que pretende “trabalhar contra” o nome indicado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva para a vaga aberta com a aposentadoria de Luís Roberto Barroso. A resistência interna amplia o desafio do governo para consolidar apoio à escolha de Messias no Senado.

Alcolumbre defendia a indicação do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, ao STF e era o principal articulador dessa alternativa dentro e fora do Congresso. A preferência do governo por Messias, nome de confiança direta de Lula, frustrou a estratégia construída por ele nos últimos meses.
Com a definição confirmada nesta quinta-feira, a reação de Alcolumbre passou a ser tratada como esperada entre aliados do governo. Integrantes da base já previam desgaste, considerando que a candidatura de Pacheco era vista como prioritária pelo próprio presidente do Senado.
A mudança de postura do senador revela um impacto direto sobre a relação com o Planalto, especialmente em um momento de pautas sensíveis no Congresso. Apesar de tensões anteriores, Alcolumbre vinha mantendo diálogo mais estável que outros líderes, como Hugo Motta.
Com a sinalização de que atuará ativamente contra o nome de Messias, o presidente do Senado pode influenciar a bancada indecisa e tornar o processo de aprovação mais complexo. A sabatina na Comissão de Constituição e Justiça, espaço onde Alcolumbre tem grande influência, deve ganhar ainda mais peso na disputa.
Nos bastidores, senadores próximos ao governo avaliam que a decisão abre espaço para uma articulação paralela ao Planalto, com maior risco de dispersão de votos. Entretanto, aliados lembram que a indicação de Messias já era dada como certa por Lula desde o início das discussões.
A escolha do chefe da Advocacia-Geral da União deverá, agora, enfrentar um ambiente mais hostil no Senado. A reação de Alcolumbre indica que o governo precisará intensificar a negociação para garantir os votos necessários para confirmar a nomeação no plenário.