Para Stedile, golpe contra Evo na Bolívia é “aplicação prática das guerras híbridas”

Atualizado em 12 de novembro de 2019 às 11:44
Evo Morales. Foto: AFP

Publicado originalmente no Brasil de Fato.

O golpe civil-militar contra Evo Morales na Bolívia, no último domingo (10), foi um dos temas debatidos no seminário “Brics dos Povos” nesta segunda (11). O evento é organizado por movimentos populares de Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul na Câmara dos Deputados, em Brasília (DF).

Em entrevista ao Brasil de Fato, João Pedro Stedile, da direção nacional do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), ressaltou o papel do imperialismo estadunidense na escalada da violência na Bolívia, que levou à renúncia dos principais políticos do Movimento ao Socialismo (MAS).

“O que aconteceu na Bolívia foi a aplicação prática do que nós já tínhamos lido no livro Guerras Híbridas [de Andrew Korybko, editado pela Expressão Popular em 2018], que é a estratégia do capital estadunidense para ir derrubando governos. Isso eles já aplicaram antes na Ucrânia, na Venezuela, na Colômbia, no Peru, no Equador”, listou o dirigente.

“São ações terroristas que vão sequestrando as entidades públicas e colocando temor na população, a ponto que o próprio Evo se sentiu sequestrado e, para preservar a vida dos seus familiares, da sua irmã, das pessoas mais próximas, que já tinham até as casas incendiadas, ele tomou essa atitude política e renunciou”, completou.

Na mesa de abertura do seminário, o deputado Paulo Pimenta (PT) mencionou a possibilidade de participação de autoridades do Brasil e dos Estados Unidos no golpe boliviano. Stedile lamentou a possibilidade de envolvimento do Itamaraty nos atos de violência no país vizinho e disse ter esperanças de que a população da Bolívia consiga resistir.

“Eu espero que o povo da Bolívia se levante e dê um fim a essas práticas terroristas financiadas pelo governo dos Estados Unidos, com apoio dos outros fascistas que temos aqui na América Latina, como ficou explícito na saudação elogiosa que o Bolsonaro fez hoje aos golpistas”, criticou.

Para o dirigente do MST, deve haver novas eleições imediatamente. “Nós, como movimentos populares da América Latina e do Brasil, devemos dar toda a solidariedade e nos mobilizarmos para isso.”

Stedile será um dos debatedores do “Brics dos Povos” nesta terça-feira (12). Acompanhe em nossas plataformas a transmissão das mesas, a repercussão dos debates, além de entrevistas e vídeos exclusivos.