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Parabéns entusiasmados a Marilena Chauí por desconstruir Moro e a Lava Jato. Por Paulo Nogueira

Clap, clap, clap

Marilena Chauí fez muito bem em dizer certas coisas sobre Moro.

Nem importa exatamente o conteúdo das acusações. Não acredito que Moro tenha sido treinado pelos americanos para nos surrupiarem o pré-sal, embora seja uma possibilidade.

A relevância da fala de Chauí reside na descontrução de um personagem que é uma desgraça nacional.

Quanto Chauí incomodou a direita obtusa que idolatra Moro pode se ver pelo Twitter, onde ela ficou mais de um dia entre os trending topics levando pancadas de toda natureza.

Moro simboliza, ao lado de Gilmar Mendes, a justiça partidária e tendenciosa que castiga o Brasil.

O objetivo da Lava Jato, o tempo deixou claro para os inocentes, jamais foi erradicar a corrupção. Foi, isso sim, erradicar o PT.

Enquanto espetáculos cinematográficos mostravam em rede nacional petistas sendo presos, Eduardo Cunha e Aécio, para ficar em dois casos icônicos, roubavam sem preocupação nenhuma.

As coisas só ficaram mais complicadas para eles, e outros da mesma gangue, quando delatores contaram suas histórias. Não tenho dúvida: se os responsáveis pela Lava Jato pudessem obliterar os depoimentos que mostraram a alta roubalheira no PSDB e no PT, teriam feito.

É que não dava para fazer isso: censurar, deletar e coisas assim.

As delações recentes — sobretudo a de Sérgio Machado — revelaram o que a Lava Jato nunca pretendeu: o PT é mirim em corrupção diante dos profissionais do PMDB e do PSDB.

Pior do que não fazer nada contra a corrupção é fazer alguma coisa apenas contra um alvo. Isso é demagogia, manipulação, enganação. Você finge que está limpando o país quando na verdade está deixando as portas abertas para os gatunos de sempre.

Aconteceu em 1954, com Getúlio. Aconteceu em 1964, com Jango. E aconteceu agora, com Dilma. Sempre a mesma ladainha da plutocracia: a corrupção, o alegado mar de lama.

Dado o golpe, o capítulo seguinte é sempre o mesmo: rouba-se muito mais. Ninguém estava na verdade interessado em combater a corrupção.

Ou você acredita que uma empresa sonegadora e sem escrúpulo nenhum como a Globo pode falar em ética e moral sem ficar vermelha?

Não era Eduardo Cunha o centro da admiração de todos os analfabetos políticos que marchavam contra a corrupção até os suíços — não a Lava Jato — desmascará-lo? Enquanto os idiotas davam vivas a Cunha à luz do sol dos domingos ele tramava na sombra novas formas de achacar empresas e recolher propinas.

Moro foi um personagem central no enredo sinistro que destruiu 54 milhões de votos. Sua parceria com a Globo, da qual a apoteose foi o vazamento de conversas entre Lula e Dilma, ficará marcada como um dos episódios mais indecentes da história política nacional.

A posteridade não perdoará Moro, como não perdoou Lacerda, Roberto Marinho e os militares golpistas.

E é bom ver que uma intelectual brilhante como Marilena Chauí também não o perdoa desde já.

Paulo Nogueira

O jornalista Paulo Nogueira é fundador e diretor editorial do site de notícias e análises Diário do Centro do Mundo.

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