“ACM Neto é na manha” é o meu pixo preferido das ruas de Salvador.
Em baianês, “na manha” significa sorrateiramente, sutilmente, sem alarde.
E foi assim que Netinho – como é carinhosamente conhecido na esquerda baiana –, como é de seu feitio, resolveu conferir a João Dória – o maior higienista que você respeita, depois do próprio ACM Neto, é claro – o título de Cidadão Baiano.
Ó paí.
Os baianos, que, ao contrário do que se pensa, não passam o dia deitados na rede – só de vez em quando, ninguém é de ferro! – não deixaram barato. Compareceram ao evento do ano munidos de ovos para receber João Dória – e Netinho, de quebra – com o carinho que eles merecem. Chuva gostosa de ovo cru. Dória, que está habituado a situações pouco higiênicas, tirou a situação de letra, como é fácil imaginar.
Temos imagens.
Dória e Neto, na verdade, são, infelizmente, um promissor e perigoso casamento político:
Netinho, O Poderoso Chefão III – seu pai e avô são os poderosos chefões I e II, reza a lenda-, herdeiro do coronelismo baiano, mentor das pedras pontudas debaixo dos viadutos soteropolitados – mendigo dormindo em viaduto enfeia a cidade, João Dória há de concordar – e em cuja gestão moradores de rua desaparecem misteriosamente;
Dória, o comedor de pastel de feira. O que, assim como Netinho, adora um flash, quer posar de gente como a gente mas fracassa cada vez mais miseravelmente e tem a cara feia da burguesia.
Netinho varre os mendigos com pedras pontudas. Dória com jatos d’água. Há casamento mais macabro e mais a cara do Brasil de 2017?
Se há, desconheço.
De qualquer forma, parabéns a João Dória pelo título de baiano da gema. Estaremos sempre à sua espera, de braços e granjas abertas.