
Na última sexta-feira (9), um avião da Voepass, antiga Passaredo, caiu em Vinhedo, no interior de São Paulo, causando a morte de todas as 61 pessoas a bordo. Apesar da gravidade do acidente, nenhum morador do bairro foi atingido.
Desde as primeiras horas após o tragédia, que é a quinta maior na história da aviação do Brasil, peritos da Aeronáutica e a Polícia Federal (PF) estão conduzindo investigações para entender por que a aeronave perdeu velocidade, o que levou à perda de pressão aerodinâmica nas asas.
O avião, de prefixo PS-VPB, havia decolado de Cascavel, no Paraná, às 11h46, com destino ao Aeroporto Internacional de São Paulo, em Guarulhos, e deveria pousar às 13h50. Essa era a quarta viagem do dia da aeronave turboélice ATR-72, que possui 73 assentos.
Embora a Voepass considere prematuro determinar a causa exata do acidente, a principal suspeita até agora é a formação de gelo nas asas da aeronave. A empresa reconheceu que o modelo é suscetível ao gelo, e isso está sendo um dos focos das investigações.
A companhia aérea afirmou que a aeronave partiu do Paraná com todas as condições operacionais adequadas para o voo. Os dados finais do voo indicam que, pouco antes da queda, o avião estava a uma altitude de 5.190 metros.
Gelo e “parafuso chato”
Ao longo do dia, imagens que mostravam o avião caindo em “parafuso chato” levaram pilotos e especialistas em aviação a buscar possíveis causas para a redução drástica de velocidade que provocou essa situação. A teoria mais discutida é o acúmulo de gelo nas asas, que teria comprometido a aerodinâmica e possivelmente afetado o funcionamento do motor.
No estado de “parafuso chato”, o avião perde a capacidade de voar para frente e cai verticalmente, girando sem sustentação. O piloto tenta ajustar os flaps das asas para mudar a trajetória, mas sem a velocidade necessária, as asas perdem a pressão aerodinâmica e o avião fica fora de controle.
A sustentação do avião depende da velocidade, que desloca o ar sob as asas. No caso desse voo, a aeronave perdeu 4 mil metros de altitude em cerca de um minuto, caindo a aproximadamente 240 km/h.
Embora existam manobras para corrigir a situação de “parafuso chato”, as possibilidades são limitadas quando a aeronave já está em baixa altitude.
? URGENTE:
Esse é o modelo do avião que caiu agora a tarde em Vinhedo, São Paulo!
Informações iniciais dão conta de que a capacidade é de 68 pessoas! pic.twitter.com/tNp6trcCAo
— Jornal do X (@JornaldoX) August 9, 2024
Quem era o piloto?
Danilo Santos Romano, o comandante do voo 2283 da Voepass, tinha 35 anos e iniciou sua carreira como co-piloto de A320 na Avianca. Após três anos, foi promovido a co-piloto de A330 para voos internacionais.
Com a falência da Avianca, ele trabalhou na Air Astana, no Cazaquistão, antes de ingressar na Voepass. Ele foi promovido a comandante em julho do ano passado e, recentemente, concluiu uma pós-graduação em gestão de segurança de voo.

Contato com a torre
Após o acidente, surgiram rumores em grupos de WhatsApp de que o piloto teria pedido permissão para reduzir a altitude devido à presença de gelo entre 12 mil e 21 mil pés, mas que esse pedido teria sido negado. Contudo, o ministro de Portos e Aeroportos, Silvio Costa Filho, afirmou que não há registro desse contato.
“Até o momento, não se identificou nenhum contato da aeronave, dos pilotos, com as torres de controle. Essa é uma informação importante, até porque algumas notícias surgiram nas redes sociais, mas é hora de muita serenidade e equilíbrio”, disse.
Resgate
O avião caiu em um condomínio fechado em Vinhedo (SP), e, apesar da gravidade do acidente, não houve feridos em solo. O Corpo de Bombeiros conseguiu controlar as chamas por volta das 17h15, mas a operação de resgate dos corpos das vítimas se estendeu até a madrugada de sábado (10).
Os corpos foram levados ao Instituto Médico-Legal (IML) em São Paulo para identificação. A Secretaria da Segurança Pública (SSP) tomou essa decisão devido à necessidade de uma infraestrutura adequada para lidar com a complexidade da situação, já que muitos corpos ficaram carbonizados e precisarão passar por exames de DNA para confirmação de identidade.
URGENTE! Imagens impressionantes queda avião em Vinhedo pic.twitter.com/r4pTwiZqk2
— Oliver Laio (@LaioOliver) August 9, 2024
Luiz Augusto de Oliveira afirmou que, no momento da colisão, eles pensaram se tratar de um helicóptero em pane. “Eu estava saindo da residência quando vimos a aeronave explodindo na garagem. Perdemos bastante coisa. Mas, diante de tudo que aconteceu, foi o menor possível. Foram bens materiais”, contou.
A caixa preta
Em relação à investigação, o brigadeiro Marcelo Moreno, chefe do Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aéreos (Cenipa), anunciou que os gravadores de voz e de dados do avião, conhecidos como “caixa-preta”, foram recuperados.
Os dispositivos foram encontrados no local do acidente pelos investigadores do Cenipa e serão encaminhados para um laboratório em Brasília, onde passarão por uma análise minuciosa.
As vítimas
Todas as vítimas tinham nacionalidade brasileira. Os passageiros eram, sobretudo, de Cascavel e de São Paulo. Confira a lista:
Lista de Passageiros
- Rosangela Souza
- Eliane Andrade Freire
- Luciani Cavalcanti
- José Fer
- Denilda Acordi
- Maria Auxiliadora Vaz de Arruda
- José Cloves Arruda
- Nélvio José Hubner
- Gracinda Marina Castelo da Silva
- Ronaldo Cavaliere
- Silvia Cristina Osaki
- Wlisses Oliveira
- Hialescarpine Fodra
- Daniela Schulz Fodra
- Regiclaudio Freitas
- Simone Mirian Rizental
- Josgleidys Gonzalez
- Maria Parra
- Joslan Perez
- Mauro Bedin
- Rosangela Maria de Oliveira
- Antonio Deoclides Zini Junior
- Kharine Gavlik Pessoazini
- Mauro Sguarizi
- Leonardo Henrique da Silva
- Renato Bartnik
- Hadassa Maria da Silva
- Raphael Bohne
- Renato Lima
- Rafael Alves
- Lucas Felipe Costa Camargo
- Adrielle Costa
- Laiana Vasatta
- Ana Caroline Redivo
- José Carlos Copetti
- André Michel
- Sarah Sella Langer
- Edilson Hobold
- Rafael Fernando dos Santos
- Lizibba dos Santos
- Paulo Alves
- Pedro Gusson do Nascimento
- Rosana Santos Xavier
- Thiago Almeida Paula
- Adriana Santos
- Deonir Secco
- Alípio Santos Neto
- Raquel Ribeiro Moreira
- Adriano Daluca Bueno
- Miguel Arcanjo Rodrigues Junior
- Diogo Ávila
- Luciano Trindade Alves
- Isabella Santana Pozzuoli
- Tiago Azevedo
- Mariana Belim
- Arianne Risso
Lista dos Tripulantes
- Débora Soper Ávila – 28 anos
- Rúbia Silva de Lima – 41 anos
- Humberto de Campos Alencar e Silva – 61 anos
- Danilo Santos Romano – 35 anos
