
Dois jovens paranaenses transformaram um cenário de guerra em história de vida. Gustavo Ostrowski, de 22 anos, e Adriane Marschall Pereira, de 21, se conheceram como voluntários no Exército da Ucrânia em 2024, em plena linha de frente do conflito contra a Rússia. O relacionamento começou em meio às missões militares e ganhou novo rumo com a descoberta da gravidez de Adriane. O casal decidiu retornar ao Brasil para a chegada do primeiro filho, que nasceu em Cascavel, no oeste do Paraná, há dois meses. A reportagem é do g1.
Natural de Santa Helena, Gustavo se alistou como voluntário no início de 2024. Já Adriane, de Santa Tereza do Oeste, viajou meses depois para encontrá-lo e também se engajou nas tropas ucranianas, aproveitando a mudança na lei local de 2018 que permite a participação de mulheres em funções de combate. Apesar da pouca experiência, ela participou de treinamentos rigorosos antes de saber da gestação.
A gravidez foi descoberta pouco antes de Adriane ser enviada a campo de batalha. Por recomendação médica, ela deixou de atuar diretamente nos combates e passou a exercer funções de apoio, como intérprete para famílias de soldados. A notícia mudou os planos do casal, que permaneceu mais quatro meses na Ucrânia antes de decidir voltar ao Brasil em janeiro deste ano.
A escolha foi motivada por questões de saúde e adaptação. Com os enjoos da gravidez e a dificuldade de se acostumar à alimentação local, Adriane e Gustavo optaram por retornar ao Paraná. O bebê nasceu em Cascavel e hoje a família vive em um sítio da família de Gustavo, em busca de tranquilidade antes de novos desafios.

Apesar da chegada do filho, o casal já fala em voltar à Ucrânia. Gustavo pretende reassumir funções militares como voluntário, enquanto Adriane ficará em uma cidade próxima ao batalhão, longe da linha de frente, cuidando da criança. O plano é conciliar o serviço de guerra com a vida familiar, revezando os momentos juntos durante as folgas.
O Itamaraty alerta que brasileiros que se voluntariam em exércitos estrangeiros enfrentam riscos graves, inclusive de morte, e que a assistência consular é limitada nesses casos. Mesmo assim, Gustavo e Adriane afirmam que desejam retomar a vida no país europeu, dividindo-se entre o cuidado com o filho e a participação na guerra.