Passaporte dos EUA deixa a lista de mais influentes do mundo por “culpa” do Brasil

Atualizado em 16 de outubro de 2025 às 14:28
Passaporte dos EUA. Foto: reprodução

Os Estados Unidos ficaram fora do top 10 dos passaportes mais influentes do mundo pela primeira vez desde a criação do ranking Henley Passport Index, há 20 anos. O relatório mais recente, publicado em 7 de outubro pela consultoria internacional Henley & Partners, aponta que o país caiu para a 12ª posição, empatado com a Malásia.

Entre as causas da queda, a consultoria cita a perda de acordos de reciprocidade, incluindo o rompimento com o Brasil, que voltou a exigir vistos de cidadãos estadunidenses em abril.

Em 2014, o passaporte dos Estados Unidos era o mais poderoso do planeta. Hoje, permite entrada sem visto em 180 destinos, o que, segundo o estudo, reflete uma tendência de isolamento nas políticas de imigração do governo Trump.

“A perda de acesso sem visto ao Brasil e a exclusão da lista de países isentos da China marcaram o início da derrocada”, escreveu a Henley & Partners.

Desde o retorno de Trump à Casa Branca, a administração estadunidense tem ampliado restrições: suspendeu vistos para viajantes de 12 países da África, Oriente Médio e Sudeste Asiático e passou a cobrar cauções de até US$ 15 mil de turistas de algumas nações.

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump – Brazil Photo Press / Folhapress

O Brasil, que retomou a exigência de visto para estadunidenses, canadenses e australianos, justifica a medida com base na reciprocidade: o país não concede isenção a cidadãos de nações que exigem o mesmo documento de brasileiros.

Atualmente, o passaporte brasileiro ocupa o 19º lugar no ranking global, empatado com San Marino e Argentina, permitindo viagens sem visto a 169 destinos. Em termos de “abertura”, número de nacionalidades que podem entrar no país sem visto, o Brasil aparece em 44º, liberando entrada a cidadãos de 100 países.

A China e outros países asiáticos têm seguido caminho oposto ao dos EUA. O passaporte chinês subiu do 94º lugar em 2015 para o 64º em 2025, com 37 novos acordos de isenção de visto firmados na última década.

No quesito de abertura, a China passou a permitir a entrada sem visto de cidadãos de 76 países, alcançando a 65ª posição, enquanto os EUA aparecem apenas em 77º. A líder do ranking segue sendo Singapura, com acesso a 193 destinos. O Reino Unido, que já foi o número 1, caiu para o 8º lugar.

O criador do Henley Passport Index, Christian H. Kaelin, afirmou que “as nações que se apoiam em privilégios passados estão ficando para trás”. Para a pesquisadora Annie Pforzheimer, do Center for Strategic and International Studies, a queda reflete uma tendência política mais ampla.

“Mesmo antes da segunda presidência de Trump, as políticas dos EUA voltaram-se para dentro. A mentalidade de isolacionismo agora está se refletindo na perda de poder do passaporte estadunidense”, declarou.

Veja o ranking dos passaportes mais influentes do mundo

  1. Singapura (aceito em 193 países)
  2. Coreia do Sul (190 países)
  3. Japão (189 países)
  4. Alemanha, Espanha, Suíça, Itália e Luxemburgo (188 países)
  5. Áustria, Bélgica, Dinamarca, Finlândia, França, Países Baixos e Irlanda (187 países)
  6. Grécia, Hungria, Nova Zelândia, Noruega, Suécia e Portugal (186 países)
  7. Austrália, República Tcheca, Malta e Polônia (185 países)
  8. Croácia, Estônia, Eslováquia, Eslovênia, Emirados Árabes Unidos e Reino Unido (184 países)
  9. Canadá (183 países)
  10. Letônia e Liechtenstein (182 países)

 

Augusto de Sousa
Augusto de Sousa, 31 anos. É formado em jornalismo e atua como repórter do DCM desde de 2023. Andreense, apaixonado por futebol, frequentador assíduo de estádios e tem sempre um trocadilho de qualidade duvidosa na ponta da língua.